Em entrevista concedida ontem ao Jornal de Nova Odessa, o prefeito Benjamim Bill Vieira de Souza, “abriu seu coração” e se emocionou ao falar da polêmica envolvendo o Clube da Melhor Idade. Visivelmente chateado, o prefeito afirmou que não permitirá o fechamento do local de atendimento aos idosos e reforçou que não acredita que a “questão política” será maior que a “qualidade de vida das pessoas”. O prefeito esteve na redação do jornal logo após a visita ao novo prédio do Detran, em Nova Odessa.
O Clube da Melhor Idade e a política de atendimento ao idoso são, sem dúvida, um dos pilares do seu governo. Como surgiu a ideia do Clube?
O projeto do Clube da Melhor Idade começou antes da minha posse. Eu e a Andrea (primeira dama, Andrea Souza) sempre pensamos em fazer algo pelos idosos porque eles já fizeram muito por nós e pela cidade. Minha mãe foi um exemplo pra mim. Ela, já idosa e doente, ficava em casa, no sofá, assistindo televisão. Aquela rotina fez com que ela desenvolvesse um começo de depressão e essa doença castiga as pessoas. Quando ela começou a fazer atividade física, melhorou muito. Ela tinha mais disposição, tinha novos amigos, conversava mais. Foi na minha casa que eu entendi que os idosos precisam de atenção, de carinho, de vida social ativa. E foi com esse exemplo que eu e a Andréa ‘sonhamos’ o Clube. Quando assumi como prefeito, vi a possibilidade de tornar esse sonho realidade e lá está o Clube, atendendo milhares de idosos com Pilates, acupuntura, jogos, artesanato, leitura, hidroginástica.
É um projeto audacioso, mas que deu certo. Como foi feita essa estruturação do Clube? Por que a escolha daquele local que estava abandonado? Como foi possível fazer as reformas?
Não tenho dúvida de que esse é um dos projetos de maior sucesso do nosso governo, por isso, desde o início, recebe tantos ataques da oposição. O antigo Lítero – onde foi instalado o Clube – precisava de reforma, que o proprietário concordou em fazer se nós alugássemos o espaço. Mas também é um local que tem a história da cidade. Muitos casamentos começaram ali. Muitas crianças cresceram brincando ali. Aquilo tudo poderia ser derrubado e dar lugar a um prédio de apartamentos, por exemplo. E nós teríamos perdido uma parte da história da cidade. Colocando ali o Clube da Melhor Idade nós conseguimos preservar o local e também aproveitar toda a estrutura que já estava ali, com piscina, salão de dança, quadra poliesportiva. Onde tem outro prédio com tudo isso pra alugar aqui na cidade? Depois da primeira reforma, que permitiu a instalação do Clube, nós buscamos parcerias com a iniciativa privada para cobrir a piscina e realizar outras melhorias e com o Governo do Estado para colocar projetos, como os cursos profissionalizantes.
Por que então fazer a permuta? Como foi esse processo?
A situação financeira do país começou a piorar a partir de 2014, mas em 2015 foi ainda pior. A Prefeitura tem terrenos na cidade, mas não tem condições financeiras de construir. Por isso, quando o Comitê Financeiro me disse que não tínhamos mais condições de pagar cerca de R$ 20 mil só de aluguel do Clube da Melhor Idade e recebemos a proposta da permuta, entendemos que aquele era o melhor meio para manter as atividades. Eu não sou corretor, não entendo de preço de terra e não queria que ninguém da prefeitura ficasse responsável pelas avaliações. Chamei o Jurídico da prefeitura e perguntei o que a lei determina. Fiz exatamente o que a lei determina. Abrimos uma licitação para contratação de um perito e exigimos, na licitação, que fosse um perito judicial. A empresa que venceu nomeou o perito e ele fez as avaliações, tanto da área, quanto do Clube. Foi com base nessa avaliação de um perito judicial que foi feita a permuta. Não foi a prefeitura que deu o preço das áreas. Foi o perito judicial que avaliou o Clube em R$ 4, 6 milhões e área na avenida Ampélio Gazzetta em R$ 4,8 milhões.
O senhor disse que, desde o início, o Clube sofreu ataques. Que tipo de ataques?
Por redes sociais, por requerimentos, enfim, a oposição política nunca aceitou que esse projeto tivesse dado tão certo e atendesse tantos idosos. Questionaram os valores gastos com aluguel, questionaram os investimentos no local, questionaram as empresas da iniciativa privada que nos ajudaram, questionaram porque levamos os idosos pra Holambra, porque foi feito baile para eles. Até a pagamento de multa eu fui condenado por ter proporcionado diversão e lazer a estes idosos. O que a oposição nunca entendeu é que quem vê os projetos desenvolvidos no Clube e a felicidade dos idosos que ali estão, logo se encanta. Todos os empresários têm pais, avós que poderiam estar – ou estão – ali atendidos. Ver o sorriso no rosto de um idoso que sai da piscina ou que marca um ponto no vôlei adaptado é algo que emociona quem tem o coração puro. E eu nunca permiti que se fizesse política com o Clube. Não vai ser agora que vou permitir.
E como o senhor avalia a nova perícia, que apontou valores de quase R$ 20 milhões para a área da avenida e não alterou o valor do Clube?
Eu não sou corretor, não sou perito e não avalio área. Eu estou prefeito e quero manter a qualidade de vida dos idosos que usam o Clube. Confesso que me surpreendeu, porque eu nunca ouvi falar de um valor tão alto por metro quadrado na cidade. Mas como eu já disse, não sou corretor. Então essa discussão deve ser feita entre os peritos no processo que já está na Justiça. Eu só quero resolver. Por determinação da Justiça, nenhum investimento foi feito no Clube, nem na área, até que se resolva isso. A Prefeitura foi notificada e está tomando as medidas judiciais cabíveis. Se aquela área vale R$ 19 milhões eu poderia colocar a área à venda, compro o Clube por R$ 4 milhões e me sobram R$ 15 milhões pra investir na cidade. Seria ótimo. Mas falar é muito fácil. Quero ver isso realmente acontecer. Eu só realmente gostaria que fosse resolvido rápido pra tirar essa preocupação da cabeça dos idosos.
Como fica agora o Clube? Há possibilidade de fechar?
Enquanto eu estiver prefeito, o Clube da Melhor Idade não vai fechar. Já tentaram de tudo. Tentaram cassar meu mandato, ofenderam minha família, traíram minha confiança. Mas a minha fé em Deus me mantém firme e crente na Justiça dos homens. Eu só peço que respeitem o povo de nossa cidade, sejam sérios e cuidadosos com as palavras, e me deixem trabalhar, porque trabalho e disposição para fazer uma cidade melhor não me faltam.