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PA do Jardim Alvorada tem superlotação e moradores citam ‘descontrole’ da dengue

Somente em 24 dias de abril, casos da doença explodiram 235%; ruas, avenidas e praça próximas ao Pronto Atendimento estão cheias de lixo e materiais inservíveis, que podem ser foco de dengue

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Pacientes esperam por atendimento em unidade que está superlotada

Paulo Medina
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A gravidade da epidemia de dengue afeta a saúde pública de Nova Odessa. Além de sintomas da doença, pacientes enfrentam a superlotação no PA (Pronto Atendimento) do Jardim Alvorada, que a cada dia confirma novos casos de dengue. Relatos de pacientes destacam que há sobrecarga no atendimento e espera superior a duas horas para a primeira consulta por quem busca assistência médica na unidade. Enquanto isso, ruas próximas ao PA registram diversos materiais inservíveis e possíveis focos de dengue, evidenciam falhas na limpeza urbana de Nova Odessa, que totaliza 2.173 casos de dengue nesta quarta-feira (24). A cidade é a que tem o pior cenário de dengue na região. Moradores falam em “descontrole” da epidemia no município.
No PA do Alvorada, a superlotação tem sido uma realidade constante, com longas filas de espera e falta de estrutura para atender a demanda crescente. Pacientes relatam horas de espera por um atendimento médico, muitas vezes em condições desconfortáveis e sem acesso adequado a recursos básicos de saúde. Além disso, a qualidade do atendimento tem sido criticada, com relatos de falta de profissionais e demora na realização de exames e procedimentos.
“Estou com minha mãe faz uma hora e meia, ela tem 63 anos, ela está bem debilitada, bem desidratada e está demorando de uma hora e meia a duas horas, super descaso com a população, meu filho (de sete anos) está com dengue”, afirmou a assistente administrativo Ana Claudia Martinho dos Santos, de 36 anos, moradora do Jardim das Palmeiras.
“A demora no atendimento é dado ao volume de pessoas doentes, se fosse menor, talvez, o atendimento fosse mais rápido, mas entramos em uma nova pandemia, agora da dengue, está sem controle, e essa doença parece que é pior que a COVID porque mexe muito, o mal estar é constante, o cuidado preventivo não está acontecendo, não tem agente de endemias na cidade, se não me engano são apenas quatro pra cidade toda, não está sendo feito o fumacê”, declara Ana Costa, do Parque dos Pinheiros. “Onde moro, pagamos uma empresa pra fazer a aplicação do fumacê porque tem muita criança e idosos e não tem nada no preventivo, saiu literalmente do controle, e quem está na linha de frente do atendimento aos doentes é que está pagando o pato”, completou Ana.
Do Jardim Marajoara, Leonice Roberto de Melo, de 52 anos, acompanhava a filha Letícia com sintomas de dengue nesta quarta-feira (24) no PA e aguardava cerca de duas horas.
“Tive dengue, a minha filha está com dengue desde domingo e a população precisa estar ajudando na limpeza dos quintais, precisa ter cuidado com Nova Odessa porque está muito sobrecarregado a UBS (PA) do Alvorada, o Hospital Municipal, é muito preocupante”, disse.
Morador dos Ipês Amarelos, Baltazar Dionísio relatou a existência de lixo e materiais inservíveis pela região. “É lixo que fica jogado nas ruas e calçadas há 20 dias”, resumiu o morador, que alegou temer o avanço ainda maior da dengue na cidade.
A reportagem do Jornal de Nova Odessa constatou lixo e possíveis focos de dengue nas proximidades do PA, como nas ruas dos Jequitibás e dos Ipês e às margens da Avenida São Gonçalo, no Alvorada. A praça do bairro também estava tomada por garrafas pet e copos de plástico, possíveis criadouros do Aedes aegypti.
A situação da dengue em Nova Odessa atingiu níveis ainda mais alarmantes, com 2.173 casos registrados neste ano, sendo quase 2,3 mil “prováveis”, de acordo com o governo estadual. Somente em abril, os casos de dengue aumentaram 235%. No dia 1 deste mês, eram 648 casos.
O surto da doença tem sobrecarregado o sistema de saúde local, com um aumento significativo no número de pacientes buscando atendimento médico devido aos sintomas da doença.
Como o cenário é desafiador, moradores cobram a Prefeitura que adote medidas mais urgentes para melhorar o atendimento nos serviços de saúde e fiscalize quem descartar entulhos que possam se tornar focos de dengue.

 

 

Nova Odessa enfrenta pior contaminação
de dengue entre as cidades da região

Nova Odessa decretou estado de emergência para a dengue em março e amarga o pior cenário da doença na região. Quase 4% da população já foi contaminada neste ano na cidade. Enquanto Nova Odessa registra quase 2,2 mil casos, Americana totaliza 1.007 casos, Santa Bárbara d’Oeste, 1.789, Hortolândia, 835, e a cidade praticamente empata com Sumaré, que tem 2.428 casos.
Tais números colocam o município em uma posição crítica em comparação com cidades vizinhas. Enquanto Nova Odessa registra esse alto número de casos, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Hortolândia também enfrentam desafios, mas não alcançam o mesmo patamar de contaminação. O estado de emergência declarado pelo município reflete a gravidade da situação e a necessidade de mobilização urgente para conter o avanço da doença. Medidas de prevenção, como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, intensificação de campanhas de conscientização e fortalecimento das ações de controle vetorial, são essenciais para enfrentar o surto e proteger a população.

 

Em epidemia, Prefeitura se limita a dizer que manutenção em bairros ‘é constante’

Questionada sobre as ações de limpeza e ampliação no atendimento para acompanhar a demanda de casos de dengue, a Prefeitura de Nova Odessa disse que desde meados de março, em função do crescente número de pacientes com sintomas respiratórios que procuram as Unidades de Saúde diariamente em Nova Odessa, o PA (Pronto Atendimento) do Jardim Alvorada passou a atender exclusivamente pacientes adultos com sintomas de gripe, dengue e Covid.
“Assim, o local funciona atualmente como um “Centro de Acolhimento de Dengue” temporário, conforme previsto no Plano de Ação Para Situação de Emergência em Saúde Pública Devido à Epidemia de Dengue, elaborado pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde, em especial as gerências da Atenção Básica e dos Pronto-Atendimentos Municipais, bem como da Diretoria de Vigilância em Saúde – à qual estão vinculados a Vigilância Epidemiológica e o Setor de Zoonoses. Além disso, em função das mais recentes etapas de reforma e modernização do HMNO (Hospital e Maternidade Municipal Doutor Acílio Carreon Garcia), desde meados de abril o PA Alvorada passou a oferecer também atendimento pediátrico, com médicos pediatras atendendo as crianças de zero a 12 anos diariamente, de segunda-feira a domingo, das 7h às 19h”, informou.
No horário noturno, disse, o atendimento de urgência continua ocorrendo no PS (Pronto Socorro) do Hospital Municipal.
“A manutenção, zeladoria, poda, paisagismo e limpeza externa dos prédios públicos municipais é constante, num calendário que passa diversas vezes ao longo do ano em cada prédio”, afirma a Prefeitura.