in

Jovem morre após ambulância demorar 2h para socorrê-lo a 1 km do Hospital de NO

Tragédia desencadeou indignação e questionamentos sobre serviços municipais de saúde; mãe de Misael Barbosa dos Reis, de 26 anos, denunciou negligência na Polícia Civil após morte do rapaz

jovem-morre-apos-ambulancia-demorar-2h-para-socorre-lo-a-1-km-do-hospital-de-no-jno

Paulo Medina
[email protected]

Nova Odessa enfrenta um momento crítico devido à epidemia de dengue, com 2.635 casos confirmados da doença. E pacientes reclamam da demora no atendimento do PA (Pronto Atendimento) do Alvorada, relatando um cenário de caos e escassez de enfermeiros para atender à demanda crescente na unidade.

jovem-morre-apos-ambulancia-demorar-2h-para-socorre-lo-a-1-km-do-hospital-de-no-jno
O jovem Misael Barbosa dos Reis, de 26 anos, morreu após esperar cerca de duas horas por uma ambulância em Nova Odessa, mesmo morando a 1,4 quilômetro do Hospital Municipal. A tragédia desencadeou a indignação e questionamentos sobre os serviços municipais de saúde. A mãe do rapaz, Ivanilde Aparecida Barbosa de Souza, de 47 anos, acusa o hospital de negligência e, em busca de justiça, procurou a Polícia Civil para registrar boletins de ocorrência, denunciando o atendimento e o desaparecimento do prontuário do paciente.
A morte ocorreu na madrugada do dia 2 de maio. A certidão de óbito aponta edema pulmonar agudo como a causa do falecimento de Misael.
O relato da mãe revela falhas no atendimento médico. Na noite do dia 1° de maio, Misael começou a sentir dores no braço esquerdo e no peito, além de formigamento. Após uma visita ao hospital, onde foi rapidamente liberado mesmo continuando a sentir-se mal. Misael foi levado para casa, onde sua condição piorou rapidamente. A mãe, desesperada, solicitou uma ambulância, mas o socorro demorou cerca de duas horas para chegar, mesmo diante da gravidade da situação e a família morando no Jardim Éden, bairro próximo à unidade de saúde.
“No dia 1º ele começou a sentir dor no braço esquerdo, tipo formigamento, e o coração começou a sentir dor, ele falou que queimava. Depois ele falou ‘dá a minha carteira aí que nós vamos no médico’. Já era umas 22 horas. Aí ele foi. Aí, chegando lá, ele falou que passou com a médica, fez a ficha, passou na triagem. A médica atendeu e falou que fizeram uma medicação nele, que eu não sei qual é, e fizeram um eletrocardiograma, aí ela chegou nele e perguntou se ele estava bem, ele falou que não, que continuava com dor no peito e formigamento no braço esquerdo. A médica disse que no exame não constou nada, ela disse ‘pode ir embora, porque você não tem nada’. Mas ao sair da porta do hospital, ele começou a vomitar. Ele chegou aqui em casa, era umas 22h30, no máximo. Quando ele acabou de entrar aqui, aí não era mais só a dor, já era dor nas costas, calafrio, ele suava, estava molhando a roupa. Ele desmaiou”, lembrou a mãe.
Outro problema foi a demora da ambulância. “Eu liguei pra ambulância, eles falaram, daqui cinco minutos, estamos vendo. Perguntaram a idade dele, aí eu falei 26 anos, ele falou cinco minutos, mas chegou aqui era quase 00h40, duas horas depois, duas horas de espera, a gente começou a fazer massagem, respiração boca a boca, tinha que ir a pé para o hospital, não tinha como levar ele, meu outro filho gritava desesperado, ninguém aparecia”, contou ao dizer que quando a ambulância chegou o jovem estava “desfalecendo” e “todo roxo”. “Dentro da ambulância eles não faziam massagem, faziam só com a ponta dos dedos, eu até falava para ele (socorrista), faz massagem”, complementou a mãe do jovem.
A mãe de Misael também denunciou o desaparecimento do prontuário do filho, agravando ainda mais a situação e levando-a a buscar justiça. “E depois, sexta-feira, foi o prontuário que sumiu. Depois que eu saí do velório, eu fui lá no hospital pegar o prontuário, que é direito meu. Eles falaram que não estava lá, tinha sumido. Aí eu falei que ia descer na delegacia e fazer boletim de ocorrência”.
A mãe ficou indignada que o corpo do filho levou mais de 10 horas para ser liberado para a funerária e Instituto Médico Legal. “Meu filho estava jogado em uma maca com esparadrapo na boca e nos olhos, com lençóis, pois não tinha geladeira para colocar corpos, um hospital que diz que está reformando não tem geladeira para colocar corpos? Ficou mais de 10 horas lá”, esbravejou.

Outro lado
Questionada sobre as denúncias da mãe do rapaz, a Secretaria de Saúde de Nova Odessa disse que entende a dor da mãe que perdeu seu filho repentinamente, no entanto, ressalta que não há até o momento qualquer indício de falha ou negligência por parte de nenhuma das equipes de servidores (todos profissionais de Saúde) mobilizadas no atendimento do paciente. “A Pasta segue analisando os registros do atendimento, ouvindo os profissionais envolvidos e à disposição da família para quaisquer esclarecimentos que eles solicitarem”, afirma.