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2020: caos e aprendizado

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Resolvi escrever este artigo de opinião, ao término do ano de 2020, na verdade, um ano singular em todas as dimensões. Analisar-se-á este período na perspectiva de uma visão sistêmica da vida, sobretudo nos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, e com contribuição em substâncias teóricas/metodológicas, fundamentar-se-á a linha de raciocínio no Livro de Fritjof Capra e Pier Luigi: “Uma visão sistêmica da Vida”. Partindo desse pressuposto, todos os problemas que afligem a humanidade são sistêmicos, dessa forma, os mesmos devem ser tratados com uma visão holística e não apocalíptica. Então, há de se embarcar nessa jornada épica e embaraçosa, o ano de 2020.

A priori, retroceder no dia 31 de dezembro de 2019, quando findava esse ano e comemora-se a chegada de um novo ano (2020), com abraços, festejos e desejos de um ano novo próspero aos familiares e amigos… planejou-se muito, como é o costume. Assim, terminou o ano velho e se adentrou em 2020, à espera das promessas e para iniciar a prática dos planejamentos. De repente, as notícias bombardeavam a mídia, a todo o momento, sobre o Coronavírus, na China, na Itália, na Europa e nos Estados Unidos… infelizmente, chegando ao Brasil. Em um piscar de olhos, foi necessário ressignificar as vidas em todos os aspectos, bem como, ter uma visão sistêmica do que estava acontecendo. Com isso, abandona-se tudo o que era presencial e parte para o isolamento social, trabalhos remotos em todas as organizações.

Grosso modo, precisou-se reinventar, até mesmo, a aparência através do uso de máscaras de várias cores e tipos. No primeiro momento, parecia que seria breve, logo iria passar, ledo engano, não foi algo repentino, durou vários meses, cancelando as aulas presenciais, empregos, viagens, entre outras ações no modelo presencial. Quanto mais se estende a quarentena, surge a angústia, o desemprego, os leitos de hospitais lotados, a distância dos familiares entre outros, um verdadeiro desafio para a espécie humana.

Lamentavelmente, deixou e ainda contínua deixando marcas profundas, a população sobreviveu, mas resta o sentimento de muita tristeza por aqueles que não resistiram. É sabido, a humanidade renascerá das cinzas, já organizaram um esforço múltiplo em prol de uma vacina, e logo chegará, a salvação milagrosa. No entanto, o ano de 2020, não foi somente obscurantismo (não é intenção negar a COVID-19), pois ele trouxe a reinvenção em todas as dimensões, aprendizados, o reconhecimento da importância de se estar junto e a esperança de que tudo passará.

Diga-se de passagem, foi um ano de muita restauração social, política, econômica e cultural. Aliás, ressaltando a visão sistêmica da vida, ou seja, holística (do todo), relembra a linha de raciocínio de Fritjof Capra, em que discorre: “Será que precisaremos chegar a um ponto crítico, uma crise de grandes proporções, para fazer as transformações necessárias acontecerem?”. À luz da reflexão 2020 foi um ano de caos, mas também de muitas transformações e inovações. Talvez Fritjof Capra esteja correto, pois é diante do caos que acontece a reinvenção.

Considerações Finais: Concordo plenamente, 2020 foi um ano singular, um ano desacreditado pela maioria, de ressignificação de tudo aquilo que se concebia como o “certo” na sociedade. mas em muitas situações precisamos dos dilúvios para o recomeço. Quem sabe este não foi outro dilúvio para que reaprendamos o conceito de vida? Traçando uma analogia com os textos bíblicos, todo dilúvio foi para exterminar o que não estava dando certo.

Espero que tudo isso não seja em vão ao se voltar em “como era antes”. Além disso: “Tem hora que é preciso chutar o balde” (alguns transferem os créditos a Fernando Pessoa em relação a essa frase, porém existem várias versões). Só que o importante é: o ano de 2020 foi aquele momento de chutar o balde, ousar e sair da caverna. Chutar tudo aquilo que perdurava há séculos na sociedade.

Alberto Alves Marques professor Coordenador da Área de Ciências Humanas e Suas Tecnologias e Professor de História da Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo.