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Contrato caríssimo

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Contrato caríssimo
Passado mais de um mês desde que veio à tona a denúncia envolvendo um contrato de R$ 4,7 milhões firmado entre a Prefeitura de Nova Odessa e a empresa WM Ferreira Hidrojateamento Ltda, a população segue esperando — sentada — por algum esclarecimento convincente por parte da administração municipal.

Revolução urbana
O contrato, fruto do Pregão Presencial nº 07/2023, prevê uma verdadeira revolução urbana: pintura mecanizada de guias e monumentos, varrição manual de ruas, sucção de dejetos e trituração de galhos. Tudo muito bonito no papel. Pena que, na prática, os moradores de diversos bairros afirmam não ter visto nem a sombra de tais serviços.

Serviços invisíveis?
Fica a dúvida: será que estamos falando de serviços invisíveis? Ou será que os contribuintes andam desatentos demais para perceber 40 mil metros quadrados de varrição e pintura acontecendo todo mês bem diante de seus olhos?

Promoção
De acordo com o contrato, a empresa contratada deveria triturar 1.200 toneladas de galhos e sugar 800 metros cúbicos de resíduos mensalmente. Se isso realmente estivesse sendo feito, Nova Odessa provavelmente já teria sido promovida à cidade mais limpa da região — ou, no mínimo, deixado de ter calçadas cobertas por folhas, galhos, lixo e promessas não cumpridas. Mas moradores insistem, talvez por pura teimosia, em relatar exatamente o oposto: sujeira acumulada, ausência de equipes nas ruas e total falta de prestação de contas sobre onde e como esses serviços estariam sendo realizados.

Procura por respostas
O Jornal de Nova Odessa fez o que se espera de qualquer veículo de imprensa sério: procurou a Prefeitura com uma série de perguntas diretas, acompanhadas da solicitação de documentos básicos — relatórios fotográficos, escalas de funcionários, notas fiscais, registros de fiscalização. E o que a administração respondeu? Algo entre um balde de generalidades e uma indignação seletiva: em vez de fornecer os documentos e acabar com a dúvida, preferiu atacar a reportagem original.

Ataque ao mensageiro
Afinal, quando faltam provas, ataca-se o mensageiro — uma estratégia antiga e, aparentemente, ainda em voga na gestão atual. Mais intrigante ainda é o silêncio do prefeito Leitinho. Até agora, nenhuma declaração pública sobre o tema. Nada. Nem um vídeo, nem um post.

Detalhe menor
É como se, para ele, os R$ 4,7 milhões fossem um detalhe menor, indigno de sua atenção. Talvez esteja muito ocupado com outras prioridades — quem sabe mais promessas para a próxima eleição — ou talvez esteja esperando que a poeira baixe sozinha, literalmente e figurativamente. O problema é que, sem varrição, a poeira só acumula.

Direito de saber
E o que está em jogo aqui vai muito além de uma simples contratação. Trata-se da credibilidade da gestão, da responsabilidade com o dinheiro público e, acima de tudo, do respeito ao cidadão. Em um contrato de quase R$ 5 milhões, a população tem o direito de perguntar: onde está o serviço pelo qual pagamos? Por que a Prefeitura não mostra os comprovantes? Por que os serviços só aparecem nos papéis e não nas ruas?

Respostas incompletas
Enquanto a Prefeitura se enrola em respostas incompletas e discursos ofendidos, os moradores continuam convivendo com lixo nas calçadas, guias desbotadas e uma gestão que prefere o conforto do silêncio à obrigação de prestar contas. Se os serviços estão sendo executados, que se apresentem as provas. Se não estão, que se apure, se responsabilize e se corrija. Mas fingir que tudo está bem e esperar que a população aceite isso calada é subestimar demais a inteligência de quem paga os impostos que sustentam esse contrato. O contribuinte merece mais do que desculpas vazias. Merece limpeza nas ruas — e, principalmente, na gestão.