O clima nas unidades de saúde de Nova Odessa, que já vinha sendo de medo entre profissionais e pacientes, atingiu níveis críticos após um grave episódio ocorrido no PAM (Pronto Atendimento Municipal) do Jardim Alvorada. Dias atrás, um homem armado com uma faca invadiu o local, causando momentos de pânico entre funcionários e usuários que estavam em atendimento.
O caso, que poderia ter terminado em tragédia, expôs de forma alarmante a total ausência de segurança nas unidades de saúde da cidade. Não havia nenhum agente de vigilância presente no momento da ocorrência, tampouco protocolos claros de contenção ou resposta a situações de risco. O homem, segundo relatos, apresentava sinais de distúrbio emocional e ameaçou pacientes na recepção antes de ser contido por moradores.
“Foi um desespero e ninguém para intervir. A gente está largado”, contou uma funcionária da unidade, que preferiu não se identificar.
Segundo ela, não é a primeira vez que situações de tensão ocorrem no local: ameaças verbais e agressões a servidores são cada vez mais frequentes.
O problema não se restringe ao Alvorada. Em outras UBSs da cidade e no Hospital Municipal, profissionais relatam sentimento de vulnerabilidade, principalmente durante os plantões noturnos. “O medo é constante. Se alguém entra alterado, não temos com quem contar”, afirma uma técnica de enfermagem.
Além da falta de segurança, há postos de saúde que não contam com câmeras de monitoramento e botões de pânico. Isso permite que qualquer pessoa, em qualquer estado emocional, entre livremente em ambientes onde há pacientes frágeis, idosos, gestantes e crianças.
Pacientes também se sentem inseguros. “A gente vai ao posto para cuidar da saúde, mas agora tem que olhar para os lados com medo de quem entra. Isso está completamente fora de controle”, disse uma paciente.
A falta de ação preocupa e revolta os moradores, especialmente aqueles que frequentam as unidades com frequência. “Estamos esperando o quê? Alguém ser ferido ou morto dentro de uma UBS para tomarem providência?”, questiona um servidor da saúde.
A sensação geral é de abandono. O sistema de saúde municipal, já sobrecarregado por demandas crescentes e por falta de recursos, agora enfrenta mais um desafio: a proteção física das pessoas que estão ali para cuidar da vida.
OUTRO LADO
A Prefeitura de Nova Odessa disse que tratou-se na verdade de uma desinteligência entre dois adolescentes de 13 anos. “PM e GCM foram acionadas, mas os menores já haviam saído do local. A GCM patrulha constantemente as unidades de Saúde da cidade, garantindo a segurança da população e dos profissionais da Rede Municipal”.