Tabuleiro de denúncias
Em Nova Odessa, a nova modalidade de paciência é esperar sentado — de preferência longe de calçadas recém-licitadas, já que parte delas nunca saiu do papel. A cidade, que deveria ser um exemplo de gestão e transparência, virou um verdadeiro tabuleiro de denúncias, escândalos e obras que, embora milionárias, se escondem da vista dos contribuintes como se fossem fantasmas.
Obra invisível
A população se espreme entre buracos nas ruas e promessas que evaporam no calor do marketing institucional. O Ministério Público deve instaurar mais inquéritos, solicitar documentos, mandar vistoriar calçadas e querer saber onde foram parar mais de R$ 6 milhões pagos a uma empresa para construir 25 mil metros quadrados de passeio. Por ora, só 3.688 m² apareceram. O resto, ao que parece, foi dado como “invisível” no contrato.
Escola esquecida
Mas a cidade não tropeça só em calçadas ausentes. Uma obra orçada em R$ 938 mil para um pátio e refeitório de escola também virou lenda. Já foram pagos quase R$ 860 mil — mais de 90% do valor total — e, no canteiro de obras, só se vê entulho, cimento endurecido pela chuva e promessas endurecidas pela omissão.
Trailer político
E como se não bastasse o drama das obras invisíveis, há um roteiro que beira o trailer político. O assassinato de Russo, assessor direto de Leitinho, adiciona um tom sombrio ao noticiário local. A Polícia Civil parece andar em marcha lenta, mas espera-se que acorde e denuncie os envolvidos.
Prefeito de jardim
O prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), administra as crises como quem administra um jardim: rega algumas promessas, poda verdades inconvenientes e torce para que o povo não perceba que a grama do vizinho — e de qualquer outro município — anda mais verde. Os escândalos, no entanto, florescem a céu aberto por aqui. Leitinho mostra sua incompetência e habilidade para errar tanto.
MP cobrado
O MP também pode ser cobrado pela sociedade caso não apure duas frentes pesadas: o possível caso das calçadas superfaturadas e a obra abandonada da escola. Em ambos os casos, aparecem nomes repetidos, além de empreiteiras que receberam muito mais do que entregaram. E o Judiciário vai tomar alguma atitude em meio a tantas denúncias?
Sem delegacia
E na lista de obras atravancadas, apesar do caos, a cidade ainda não conta com uma delegacia de Polícia Civil nova. A população paga o aluguel do prédio atual, em mais de R$ 8,5 mil por mês. A entrega da obra está há um ano atrasada. Enquanto isso prefeito, seu vice e secretários continuam com seus salários em dia.