
A expectativa de uma nova proposta de aumento salarial aos servidores públicos de Nova Odessa não se concretizou e a reunião entre o prefeito Leitinho e representantes do SSPMANO (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais) terminou em confusão e registro de boletim de ocorrência na tarde desta sexta-feira. Adriano José do Carmo Rosa, presidente da entidade sindical, afirma que o chefe do Poder Executivo ameaçou levar ao Ministério Público supostas irregularidades cometidas por ele à frente do sindicato, caso não fosse dado aval para o envio de um projeto de lei à Câmara concedendo reajuste de 10,5% à categoria. Essa proposta foi rejeitada em assembleia realizada na última quarta-feira, quando os trabalhadores decidiram entrar em greve. Carmo registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e assegurou que, apesar de suspensa, a paralisação está mantida.
A assessoria de imprensa disse que a alegação não procede e que, não apenas o prefeito, mas nenhum outro integrante da gestão municipal faz ameaça ao sindicalista.
Coincidência ou não, logo após o embate entre prefeitura e sindicato, começou a circular nas redes sociais, e também pelo WhatsApp, um vídeo cuja autoria é desconhecida, citando supostos empréstimos que o presidente do sindicato teria feito a seu favor usando o nome da entidade. A resposta do sindicalista foi rápida e, também pelas redes sociais, ele gravou um vídeo dizendo as contas do sindicato estão à disposição de qualquer pessoa e que a “denúncia” se deve ao fato da entidade não concordar com o envio do projeto de lei. “Nós fomos até a prefeitura com a expectativa de que houvesse uma nova proposta nos índices de reajuste, mas não foi isso que acontece”, disse Carmo.
“Carmo, quando você vem com o caminhão aí na frente (da prefeitura) falando da Administração, da morte do Russo, disso e daquilo, você não está falando da categoria. O que você está fazendo é política. A política de interesse pessoal seu (sic)”, afirmou o prefeito. Na sequência, Leitinho indaga o sindicalista sobre um suposto empréstimo que Carmo teria feito em nome do sindicato. “Você devolveu os R$ 30 mil para o sindicato?”. “O senhor quem está dizendo que eu peguei”, rebate Carmo.
No vídeo feito logo após a reunião, o presidente do Sindicato dos Servidores de Nova Odessa mandou uma “banana” ao prefeito Leitinho. “Vai se catar, vira homem! Porque se o senhor quer guerra, é guerra que o senhor vai ter. Não sou homem de ser ameaçado por fulano ou ciclano ou por qualquer prefeito. Nunca fui. O senhor pensa que está lidando com moleque? Não sou moleque não, não sou vadio não, não sou usuário de drogas e não sou corrupto. Mas eu sei quem é. Eu não aceito ameaças de forma alguma. A categoria não vai sofrer qualquer prejuízo por causa da sua ameaça a mim. Faça o que você tem que fazer. Eu disse e repito: a assembleia é soberana, os servidores decidiram pela greve e ela só vai ser suspensa por conta das medidas legais que precisamos adotar”, esbravejou Carmo.
GREVE
Ainda de acordo com a entidade, a greve aprovada em assembleia na última quarta-feira está suspensa e na segunda-feira – quando a paralisação teria início -, a prefeitura vai ser notificada e novo prazo de 72h começará a ser contado.
Mesmo rejeitada por servidores, prefeitura
diz que vai encaminhar proposta à Câmara
A Prefeitura de Nova Odessa disse que vai encaminhar à Câmara, projeto de lei com a proposta de 10,5% de reajuste no salário da categoria referente ao dissídio. O percentual foi rejeitado pelos servidores, em assembleia realizada na quarta-feira, em frente ao Paço Municipal, quando os trabalhadores decidiram pela greve. O vice-presidente do sindicado, Luis Fernando Nascimento da Silva, afirmou que a entidade vai estudar as medidas cabíveis contra a decisão do governo do prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho.
Segundo a prefeitura, o projeto de lei vai incluir ainda todas as demais “cláusulas econômicas” que vêm sendo discutidas com o Sindicato neste ano. Entre elas, constam: a criação do subsídio a convênio médico de R$ 15,00 mensais; a criação do subsídio a convênio odontológico de R$ 5,00 mensais; o reajuste de 29,4% no valor da Cesta de Natal para R$ 616,48 (era R$ 476,72); o reajuste de 25% do valor do Tíquete Refeição para R$ 18,30 (era R$ 14,64); o reajuste de 25% da Diária de Café para R$ 18,75 (era R$ 15,00); e o reajuste de 25% da diária de Refeição em Viagem para R$ 51,25 (era R$ 41,00).
“O prefeito reforçou novamente que as projeções feitas pela Secretaria de Finanças apontam que este “pacote” de medidas propostas, mais a contratação de cerca de 100 novos servidores para áreas essenciais como Saúde e Educação, vai elevar o percentual de comprometimento das receitas com a folha para a casa dos 51% – próximo do limite prudencial imposto pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que é de 51,3%. Prefeito e secretários deixaram claro, no entanto, que o envio do Projeto de Lei assegurando a aplicação imediata das cláusulas econômicas (ou seja, dos reajustes propostos pela Prefeitura nos salários e demais benefícios) não “encerra” a negociação do dissídio coletivo deste ano, que deve continuar normalmente”, afirmou a prefeitura.