O funcionamento dos fóruns em todo o estado de São Paulo começa a ser afetado a partir desta quarta-feira (14), com o início da greve por tempo indeterminado dos servidores do Tribunal de Justiça. A paralisação foi anunciada em carta aberta à população e é motivada por uma série de reivindicações acumuladas ao longo dos anos, que, segundo os trabalhadores, não vêm sendo atendidas pela administração do TJ-SP.
A mobilização, organizada por entidades representativas da categoria como a Assetj (Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), promete atingir comarcas em diversas regiões. A confirmação das unidades que aderiram à greve deve ser atualizada ao longo do dia. O movimento não tem data para terminar e seguirá até que haja abertura efetiva de diálogo e avanço nas negociações.
Entre as principais queixas da categoria está a defasagem salarial, que teria chegado a 30,24% desde 2002, de acordo com os cálculos dos próprios servidores. Eles afirmam que o reajuste oferecido pelo Tribunal — de apenas 5% — é muito inferior às perdas acumuladas, o que teria levado muitos trabalhadores ao endividamento. A pressão financeira e a desvalorização dos vencimentos são apontadas como reflexo de uma política que, segundo eles, prioriza outras esferas do Judiciário.
Outro ponto de insatisfação é o número elevado de cargos vagos. Os servidores denunciam a existência de mais de 10 mil postos não preenchidos, o que tem sobrecarregado os profissionais em atividade e prejudicado o atendimento à população. A falta de concursos públicos para repor o quadro funcional é vista como uma das causas do problema.
A relação com a administração do Tribunal também é alvo de críticas. A categoria reclama da ausência de um canal efetivo de negociação e da postura considerada autoritária por parte da atual gestão. Segundo o grupo, as decisões são tomadas de forma unilateral, sem considerar as demandas dos trabalhadores que fazem a máquina do Judiciário funcionar diariamente.
Além disso, os servidores apontam uma suposta distribuição desigual dos recursos orçamentários do TJ-SP. Eles afirmam que há benefícios consideráveis destinados à magistratura, enquanto os demais profissionais enfrentam dificuldades para ter suas pautas reconhecidas.
Apesar da paralisação, os trabalhadores destacam que continuam comprometidos com a população e com a prestação de serviços de qualidade. Eles pedem o apoio da sociedade, dos operadores do Direito e de todos que dependem do Judiciário paulista, ressaltando que a greve é um esforço legítimo por melhores condições de trabalho e respeito institucional.
Com o avanço da mobilização, é esperado que o andamento de processos e o atendimento nos fóruns sofram atrasos e interrupções. O cenário ainda é incerto, mas os servidores garantem que não retomarão suas atividades enquanto não houver avanços concretos nas negociações com o Tribunal de Justiça de São Paulo.