Paulo Medina
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A água da Represa Recanto, uma das principais fontes de abastecimento de Nova Odessa, está desaparecendo lentamente. O que antes era um espelho d’água, vital para a cidade, agora cede espaço para uma densa vegetação, expondo a população a um risco crescente de desabastecimento. A Coden Ambiental, porém, nega esse risco.
Nas últimas semanas, a situação da represa tem alarmado os moradores. A diminuição do nível da água, visível a olho nu, é resultado de uma combinação de fatores como intenso período de seca e demanda crescente por água, além da falta de construção de uma nova represa para a cidade, que já “ganhou” 18 empreendimentos aprovados pelo governo Leitinho desde 2022.
Na Represa Recanto, a cena é desoladora. Em áreas que deveriam estar submersas, vegetação e barro resistente ocupam o espaço que outrora era coberto por água.
“É triste ver a represa desse jeito. A água está cada vez mais escassa e estamos preocupados”, desabafa a moradora Maria da Silva.
Nova Odessa, que depende fortemente da Represa Recanto, já começa a sentir os efeitos da escassez hídrica.
A Coden Ambiental, porém, diz que Nova Odessa não corre risco de sofrer falta d’água neste inverno, e nem “acionamento”. Nova Odessa foi classificada pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) em estado de “seca severa” neste período de estiagem. Mas a orientação da Coden é para a população promover economia de água tratada.
“Atualmente, nossos dados apontam um volume armazenado de água acima de outros anos de poucas chuvas, como ocorreu em 2020 por exemplo. Por enquanto, não há previsão de faltar água nem de racionamento neste atual período de estiagem. Nosso histórico aponta que temos volume para chegar ao final do ano quando inicia o período chuvoso”, disse recentemente o diretor presidente da empresa municipal de saneamento, Elsio Álvaro Boccaletto.
PLANO ESTADUAL
Municípios paulistas receberão apoio do Governo do Estado para enfrentar períodos com baixos índices pluviométricos. As ações fazem parte do Plano Estadual de Resiliência à Estiagem, publicado no dia 29 de julho. Além de fornecer equipamentos de combate aos incêndios, o Governo apoiará municípios na missão de garantir o fornecimento de água à população em períodos de seca.
Outra medida de enfrentamento à estiagem é a campanha publicitária institucional sobre a importância do consumo consciente e uso racional da água entre a população paulista. Com a mensagem “Economize água, gota por gota, todos por todos” a ação leva os consumidores a uma reflexão sobre o desperdício.
Com o Plano de Resiliência à Estiagem, a participação dos municípios paulistas no Universaliza SP está vinculada à adesão dessas cidades aos Planos de Contingência para enfrentamento do período de estiagem. O Universaliza SP é um programa feito para auxiliar prefeituras a antecipar metas de universalização do saneamento básico.
Outro programa a ser fortalecido é o Rios Vivos. Liderado pelo Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), a iniciativa visa melhorar a qualidade dos rios paulistas. Com o Plano de Resiliência à Estiagem, o Governo de São Paulo vai fomentar a adesão de mais municípios ao Programa Rios Vivos.
Destaca-se também a perfuração de poços profundos pelo Daee para abastecimento público. O Governo do Estado investiu R$ 144,3 milhões nos últimos 16 meses na perfuração de 139 poços em 125 municípios. Todos têm mais de 100 metros de profundidade.
Além disso, o Governo de São Paulo disponibilizará aos municípios equipamentos para a prevenção e contenção de incêndios. Também fornecerá materiais de ajuda humanitária aos municípios afetados pela estiagem a serem destinados para população mais vulnerável. No caso de falta de água, o Governo Estadual vai providenciar ações emergenciais para o restabelecimento de abastecimento de água potável.
O apoio aos municípios também será financeiro. Aquelas cidades que decretarem situação de emergência e estado de calamidade pública por conta da estiagem poderão receber recursos vindos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap).