Apesar da queda expressiva nos focos de incêndio em toda a Região do Polo Têxtil (RPT), Nova Odessa seguiu na contramão da tendência e viu os números dobrarem em 2025 em relação ao primeiro semestre do ano passado. Foram 12 registros nos primeiros seis meses deste ano contra seis no mesmo período de 2024, segundo levantamento feito com base na plataforma Terra Brasilis, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Na média regional, a situação melhorou: os municípios da RPT (Americana, Santa Bárbara, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia) somaram 133 focos de incêndio no primeiro semestre, uma redução de 59% frente aos 326 registrados em 2024. O ano passado, aliás, bateu o recorde de queimadas na série histórica iniciada em 1998, com 681 ocorrências ao longo dos 12 meses.
A queda geral é atribuída a um reforço nas ações de fiscalização, legislação mais dura e à continuidade da Operação SP Sem Fogo. A ofensiva tem fases distintas, que vão desde a triagem de documentos (fase verde), passando pela fiscalização preventiva com apoio do Ministério Público (fase amarela), até a atuação direta nos locais com focos confirmados (fase vermelha).
“Ano passado fugiu completamente da média. Isso forçou a intensificação das ações, tanto de fiscalização quanto de conscientização”, disse o 1º Tenente Shester Carlos, comandante do 3º Pelotão da Polícia Militar Ambiental. Ele destaca que a polícia está em alerta para os próximos meses, período em que a estiagem costuma elevar o risco de queimadas.
As regras ficaram mais duras em 2025. Proprietários rurais que não adotarem medidas preventivas contra incêndios podem ser multados em até R$ 10 milhões. Já a multa para quem provocar queimadas sem autorização subiu para R$ 3 mil por hectare — e dobra se for área protegida.
A estratégia do Estado também tem foco educativo, com palestras em escolas e empresas da região. Segundo Shester, essa abordagem é essencial para a mudança de cultura. “Temos planejamento, campanhas, parcerias com Gaema e Ministério Público, além de uma estrutura dedicada para combater o problema em várias frentes”, explicou.
Além da atuação policial, a Defesa Civil também passou a receber mais estrutura. Prefeituras como Americana, Nova Odessa e Hortolândia estão em processo de recebimento de novos equipamentos para combate direto ao fogo. Já Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré não se manifestaram sobre o tema.
As queimadas também preocupam o setor elétrico. Em 2024, a CPFL Paulista registrou 325 interrupções de fornecimento na região de Campinas ligadas a focos de incêndio. Para evitar novos apagões, a empresa vem ampliando as faixas de segurança, realocando linhas e reforçando a manutenção das redes. No último sábado (19), por exemplo, focos de incêndio em uma linha de transmissão em Santa Bárbara causaram oscilações no fornecimento de energia em Americana e Piracicaba.
Cidade | 2024 | 2025 |
---|---|---|
Americana | 73 | 40 |
Santa Bárbara d’Oeste | 76 | 18 |
Nova Odessa | 6 | 12 |
Sumaré | 91 | 42 |
Hortolândia | 62 | 21 |
Total RPT | 326 | 133 |
Apesar do cenário geral mais positivo, o aumento dos casos em Nova Odessa serve como alerta: as queimadas continuam sendo uma ameaça, e o combate precisa ser constante.