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Prefeitura se cala diante de escândalo milionário das calçadas

Obra de R$ 6 milhões entrega só 15% do prometido, mas gestão Schooder evita explicações e silêncio se espalha pela Câmara e Judiciário.

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Já se passou mais de uma semana desde que veio à tona a informação de que o Ministério Público instaurou um Inquérito Civil Público para investigar possíveis irregularidades em um contrato de mais de R$ 6 milhões firmado pela Prefeitura de Nova Odessa com a empresa ELO9 EIRELI — para a construção de 25 mil metros quadrados de calçadas. No entanto, até agora, o que mais chama atenção não é só o conteúdo da denúncia, mas o silêncio ensurdecedor que se formou ao redor do caso.

A pergunta que não quer calar é: por que ninguém fala nada?

Nem o prefeito Cláudio Schooder, o Leitinho, citado na investigação, se manifestou publicamente. Tampouco a Câmara Municipal deu qualquer sinal de que pretende abrir um procedimento interno para apurar os fatos. Nenhum requerimento, nenhuma fala em plenário, nenhuma nota oficial. Nada.

O silêncio também reina entre os vereadores. Nem mesmo os mais ativos, como o líder do governo, vereador Maito, ou o vereador Lico, que costuma se posicionar em temas polêmicos, disseram uma palavra sobre o contrato, o possível superfaturamento ou a execução de apenas 3.688 m² de calçadas — menos de 15% da metragem contratada.

Por que a Câmara não reage? Onde estão os fiscais do povo?

É preciso questionar também o silêncio do Poder Judiciário local, que até agora não se pronunciou sobre nenhuma eventual medida cautelar ou preventiva, como o bloqueio de bens ou o afastamento de servidores envolvidos. E o Ministério Público, que começou bem ao instaurar o inquérito, ainda não prestou novas informações à população. Qual o andamento das vistorias técnicas? Houve alguma resposta da Prefeitura?

Por que a investigação parou na fase do papel?

A população continua sem respostas. Os documentos foram requisitados, mas a Prefeitura apresentou todos? Há indícios claros de execução parcial? Alguém foi ouvido até agora? A empresa ELO9 já se manifestou oficialmente?

São questões simples, diretas, mas que seguem ignoradas por quem deveria estar à frente do debate.

A omissão institucional diante de um contrato milionário — que envolve dinheiro público, possível fraude e dano ao erário — é, no mínimo, preocupante. E perigosa. Porque o que se normaliza hoje, se repete amanhã.

Até quando vamos aceitar calados?

É preciso que a imprensa retome o caso, que a população continue cobrando, e que os vereadores lembrem qual é o seu papel. O Ministério Público, o Judiciário e os órgãos de controle também devem prestar contas do que está sendo feito.

Silêncio não é resposta. É conivência.