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Polícia ouve secretária de Obras em inquérito que apura fraude

Miriam Lara Netto é considerada “peça-chave” na investigação e foi apontada por servidores municipais como a pessoa que supostamente falsificou assinatura em documento que atestou entrega de 400 kg de sacos de lixo

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Miriam Lara Netto está no comando da Secretaria de Obras desde o início da administração do prefeito Leitinho

Da Redação
redacao@jno.com.br

A secretária de Obras e Planejamento Urbano de Nova Odessa, Miriam Cecília Lara Netto, foi ouvida nesta semana pela Polícia Civil de Americana dentro do inquérito que apura fraude na compra de sacos de lixo para a Garagem Municipal. Considerada “peça-chave”, a titular da pasta foi apontada por dois servidores municipais – em depoimento concedido no ano passado – como sendo a pessoa que supostamente falsificou a assinatura de um terceiro funcionário público atestando a entrega de 400 quilos do produto. De acordo com denúncia feita pelo vereador Silvio Natal, os sacos de lixo não foram entregues em sua totalidade, mas foram pagos integralmente pela Prefeitura.
A reportagem do JNO solicitou, via assessoria de imprensa da prefeitura, uma posição da secretária de Obras sobre o depoimento concedido à Polícia Civil. Miriam, porém, não se manifestou até o fechamento da edição. O delegado Claudiney Albino Xavier, responsável pelas investigações, pediu à Justiça a prorrogação do inquérito por mais 30 dias com a justificativa de que ainda faltam serem cumpridas “diligências imprescindíveis” para a conclusão do trabalho policial.

ASSINATURA
Em novembro do ano passado, Miriam foi apontada como sendo a pessoa responsável pela assinatura supostamente falsificada no documento que atestou a entrega de 400 quilos de sacos de lixo no almoxarifado da Prefeitura. A informação consta nos depoimentos dados à polícia pelo diretor de Serviços Urbanos, Luan Vitorelo, e pelo ex-secretário-adjunto de Obras, Renan Cogo, os quais o Jornal de Nova Odessa teve acesso.
O primeiro a depor foi Vitorelo. Ele disse à polícia que os produtos adquiridos pela prefeitura foram entregues de forma fracionada, porém, o valor foi pago em uma única parcela. Disse ainda que ele recebeu duas remessas (julho e agosto/2021) e que outros servidores também receberam a mesma mercadoria. “Que, em determinado pedido de entrega, datado de 18/10/2021, constando 200 unidades (400 quilos) de sacos plásticos, Mirim escreveu o nome de Eraldo Rodrigues como recebedor da mercadoria citada”, traz trecho do depoimento do diretor de Serviços Urbanos. Em depoimento ao Ministério Público, Eraldo negou que tenha sido ele quem recebeu a mercadoria e garante que sua assinatura foi falsificada no documento.
Renan Cogo, ex-secretário-adjunto de Obras, prestou depoimento no mesmo dia na Delegacia Seccional de Americana. Disse que assinou o documento datado de 18 de outubro de 2021 já que esteve no almoxarifado e constatou a entrega do produto. “Que o declarante deseja consignar que, em relação à assinatura contendo o nome de Eraldo Rodrigues, acredita que seja a letra de Miriam Lara Netto, na época, sua superior hierárquica. Todavia, não presenciou o preenchimento do citado documento”, afirmou. Em outro trecho do depoimento, Cogo ressaltou que, em outubro de 2021, houve o furto de câmeras de vigilância instaladas no almoxarifado, sendo que os fatos foram levados ao conhecimento de Miriam, mas que desconhece as providências que foram adotadas pela secretária de Obras.

ENTENDA O CASO
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a denúncia de suposta fraude na compra de sacos de lixo feita pelo governo do prefeito Leitinho. As investigações estão sob responsabilidade da Delegacia Seccional de Americana e tiveram início após pedido do Ministério Público de Nova Odessa, que recebeu representação feita pelo vereador Natal. O caso veio à tona em dezembro de 2021 e o suposto prejuízo aos cofres da prefeitura passa de R$ 50 mil.