Um dos pastores lobistas presos por determinação da Justiça na operação “Acesso Pago” pediu R$ 100 mil a um empresário, à título de “colaboração”, para realizar o evento Gabinete Itinerante em Nova Odessa. A abordagem de Arilton Moura consta no depoimento dado por José Edvaldo Brito, de Piracicaba, à Polícia Federal, e aconteceu logo após o encontro do empresário com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, em Brasília, ocasião em que o evento em Nova Odessa foi sacramentado. Neste mesmo dia, 7 de julho de 2021, a Prefeitura de Nova Odessa divulgou um vídeo onde o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, Ribeiro e Brito anunciam o encontro do MEC na cidade.
“Quero cumprimentar a todos os cidadãos de Nova Odessa e da região de Campinas, e convidar os gestores da Educação para um encontro em agosto (de 2021), patrocinado pela Prefeitura da cidade, para eu levar os meus técnicos para podermos dar caminhos e soluções para aqueles que querem adquirir, via Governo Federal, escolas, creches, ônibus escolares. Tendo oportunidade, vamos atender a todos, conforme orientação do nosso presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o ministro, na ocasião.
Durante o encontro com o ministro em Brasília, Leitinho esteve acompanhado do então secretário de Governo, Marco Antonio Barion, o Russo, que foi assassinado em 6 de dezembro do ano passado. “Quero agradecer o nosso ministro por nos receber no seu gabinete e estar nos ajudando lá em Nova Odessa. Faço um convite a todos os prefeitos e secretários da nossa região para esse encontro itinerante que vamos realizar no nosso município, para trazermos benefícios e melhorias não só para Nova Odessa, mas para todas as cidades próximas”, afirmou Leitinho.
PRESENÇA
Arilton Moura esteve em Nova Odessa no “Gabinete Itinerante”, realizado no dia 21 de agosto do ano passado, juntamente com o ex-ministro, com o empresário Brito e o outro pastor preso na operação da Polícia Federal, Gilmar Moura. O material da PF sobre os relatos do empresário está em um parecer do Ministério Público Federal sobre as investigações no MEC. Brito contou que conseguiu uma reunião com o ex-ministro da Educação após ter conversado com o ex-gerente da Secretaria-Executiva da pasta Luciano Musse, em um hotel. Musse também foi preso na operação de quarta-feira.
Na reunião com Ribeiro, Brito relata que conseguiu do então ministro um compromisso de realização do evento do MEC em Nova Odessa. Depois da reunião com Milton, Brito foi procurado pelo pastor Arilton Moura. Foi quando Moura pediu a emissão de passagens aéreas para sua comitiva ir para Nova Odessa. Além disso, a título de “colaboração”, pediu a quantia de R$ 100 mil, segundo o empresário.
De acordo com a PF, desse montante, Musse recebeu R$ 20 mil. Outros R$ 30 mil foram repassados para o ex-assessor da prefeitura de Goiânia Hélder Bartolomeu, que também foi preso na quarta. No parecer do MPF, não consta menção sobre os outros R$ 50 mil.
PREFEITURA NEGA PAGAMENTO
Em nota encaminhada ao JNO, a Prefeitura de Nova Odessa afirmou que não houve “qualquer pedido de vantagem por terceiros ao prefeito ou ao secretário de Educação de Nova Odessa por parte das lideranças religiosas citadas nas reportagens”. Ainda segundo o governo do prefeito Leitinho, a maioria dos pedidos de verbas da Prefeitura ao MEC e ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) foi anterior à realização do Gabinete Itinerante. “Os recursos solicitados pela Prefeitura de Nova Odessa ao MEC e ao FNDE ainda não foram liberados”, disse a Administração.