Para receber um evento com a participação do ministro da Educação, Milton Ribeiro – que ontem se licenciou do cargo -, o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, disse que a prefeitura teria que arcar com a despesas de uma “equipe do MEC”, que incluiria passagens aéreas, hospedagem e estrutura. Ao jornal “Folha de S.Paulo”, o chefe do Poder Executivo do município vizinho afirmou ter recebido um telefonema de uma pessoa falando em nome do Ministério da Educação, que teria feito o pedido. Como o pagamento foi negado, Almeida disse que o evento não foi realizado em Piracicaba e que, alguns dias depois, recebeu convite para um encontro com Ribeiros, com as mesmas características do evento proposto a ele, em Nova Odessa.
Ainda de acordo com a apuração do jornal, os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura estariam à frente desta negociação e que o custo solicitado ao prefeito ficaria em torno de R$ 70 mil. A Prefeitura de Nova Odessa nega que tenha sido feito qualquer tipo de pagamento por conta da realização do evento na cidade e garante que apenas cedeu o ginásio do Jardim Santa Rosa para a sua realização, no dia 21 de agosto de 2021.
Ao jornal, o prefeito Luciano Almeida disse não se lembrar do nome de quem fez a abordagem. “Alguém em nome do MEC ligou para perguntar se queria fazer o evento em nossa cidade e disseram que, para isso, haveria um custo, um dinheiro, que eu deveria dar toda uma estrutura, tinha que arranjar hotel, dar suporte, pagar passagens para pessoas deles”, disse o prefeito. “Esse evento não aconteceu depois que falei que não pagava nada”, garantiu ele. Dias depois, relata o prefeito, o município recebeu um convite oficial do MEC para um encontro em Nova Odessa, que contou com a presença não apenas do ministro, mas também dos dois pastores apontados como lobistas dentro do Ministério da Educação.
Em Nova Odessa também teria ocorrido distribuição de Bíblias, cuja compra seria uma forma de repassar recursos paras os pastores, de acordo com reportagem dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. O prefeito de uma cidade paulista relatou à Folha, sob anonimato, que isso teria ocorrido em Nova Odessa e em outras duas cidades, o que a prefeitura de Nova Odessa nega.
Prefeitura nega que tenha custeado evento
Depois das declarações do prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, a reportagem do JNO questionou mais uma vez a Prefeitura de Nova Odessa sobre a realização do “Gabinete Itinerante” na cidade. Em nota, a administração do prefeito Claudio José Schooder, o Leitinho, reforçou que apenas cedeu o local para os trabalhos, no caso, o ginásio do Jardim Santa Rosa, e que a organização do encontro de trabalho foi feita por pessoas indicadas pelo próprio MEC, “praticamente sem custos ao Município”.
Ao contrário do que disseram dois prefeitos ao jornal “A Folha de S.Paulo”, a Prefeitura negou que tenha sido realizada distribuição de Bíblias durante o evento na cidade e que não houve qualquer pedido de vantagem por terceiros ao prefeito Leitinho ou ao secretário de Educação, José Jorge Alves Teixeira. “Este Gabinete Itinerante do MEC em Nova Odessa foi amplamente divulgado pela imprensa local e regional, contando com a cobertura presencial de diversos meios de Comunicação, como jornais e TVs. Ressaltamos que nenhum integrante da atual Administração Municipal jamais tratou sobre qualquer liberação de recursos federais do MEC junto aos pastores citados pelas reportagens. As tratativas sobre os convênios em andamento são realizadas diretamente junto às equipes técnicas do Ministério da Educação e do FNDE”, traz nota da prefeitura.