Qual o valor do trabalho voluntário?

Foi em 1985 que a Organizações das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 5 de dezembro como Dia Internacional do Voluntário. De lá para cá é inegável que houve grande avanço na promoção de ações de voluntariado em todas as esferas da sociedade em todo o mundo. E no Brasil não é diferente. Mas ainda é preciso despertar em cada cidadão o sentimento de que é possível fazer a diferença individualmente.

Os brasileiros formam um exército silencioso de quase 7,5 milhões de voluntários – o equivalente a 4,4% da população com mais de 14 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE. Mesmo assim, o Brasil foi o pior colocado na América Latina em 2018, segundo World Giving Index. Trata-se da maior pesquisa sobre doação e mede o grau de solidariedade de várias nações.

Dessa forma, esse despertar para o protagonismo do brasileiro é um dos principais desafios do voluntariado hoje. Com tanta notícia ruim chega a ser natural pensar que não há nada a ser feito. Essa sensação de impotência geralmente prejudica nosso bem-estar e qualidade de vida, porque provoca sentimentos infelizes.

E está mais do que provado cientificamente que ajudar alguém traz reações fisiológicas que desencadeiam uma série de benefícios ao corpo e à mente, como menos reatividade ao estresse, menor resistência à insulina, níveis mais altos de colesterol HDL (“bom”), melhor sono e padrões de atividade cerebral que foram associados a níveis mais baixos de depressão.

Um bom modo de promover uma reflexão sobre esse protagonismo é começar por entender a definição da palavra “voluntário”. Antes de mais nada, vale a pena recorrer ao dicionário. No Houaiss, aprende-se que “voluntário” significa aquele que age por vontade própria. Daí a importância da data ao celebrar a pessoa que decide integrar o voluntariado.

Outra reflexão necessária é sobre a causa para a qual se decide atuar. As primeiras perguntas que devem ser respondidas passam por qual motivação; o que gosta de fazer; quais os seus valores; que habilidades e talentos serão oferecidos; qual disponibilidade de tempo; com que público gostaria de atuar; em que área e local irá contribuir; e, finalmente, qual ação ou atividade a se realizar.

Quem faz trabalho voluntário tem consciência de que não consegue resolver todos os problemas, mas que pode fazer muita diferença para um determinado grupo. É essa visão, de que vale a pena se aproximar de quem é diferente, de se importar com o outro, que faz o voluntário ser cada vez mais valorizado por todas as organizações.

O movimento do voluntariado é um dos principais pilares do terceiro setor, que atua para promover o desenvolvimento social. Esse voluntariado engajado não deve ser confundido com nenhum tipo de assistencialismo, pois tem como objetivo despertar as pessoas para os seus direitos como cidadãos e também para a força que elas passam a ter quando se organizam.

Como se vê, os desafios são muitos, mas esses fatores descritos precisam ser amplamente compreendidos para dar força ao movimento. É uma troca, ganha quem recebe apoio e também ganha quem é solidário.

Sete dicas para ser um voluntário: doe tempo e talento; tenha a sua causa e o seu porquê; faça junto e não sozinho; pense no longo prazo; opte pela transformação; busque instituições sérias e de confiança; aproveite, utilize e potencialize os meios a sua disposição

*GIULIANA PREZIOSI sócia da consultoria Conexão Trabalho, graduada em Comunicação Social com especialização em Planejamento Estratégico pela Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), MBA em Gestão da Sustentabilidade e mestranda pela Fundação Getúlio Vargas. Atuou na área de Sustentabilidade e na criação de Programas de Voluntariado de grandes companhias e é membro organizadora do Grupo de Estudos de Voluntariado Empresar.