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Porandubas Políticas

Clima menos pesado

A sensação é a de que o país começa a viver um clima menos pesado nos últimos dias. Em parte, pela reabertura gradual de atividades no comércio e nos serviços e em parte porque a população parece ter se acostumado com a rotina ditada pela pandemia, a partir do uso de máscaras. Mas não é o caso de relaxar. Em nove Estados, os números cresceram na última semana. O fato é que as regiões apresentam impactos diferenciados. Manaus, por exemplo, onde a situação era devastadora, entrou em queda. Já o Centro-Oeste vive momentos de altos números. Em Minas, ante a gravidade da pandemia, as autoridades pensam em resgatar o lockdown.

Perspectivas boas e ruins

Os horizontes sinalizam esperança e certo desânimo. A esperança emerge na onda de vacinas que começam a ser testadas em alguns países. Os relatos são otimistas. A Rússia entra na terceira fase de testes. Na Europa, Alemanha e Reino Unido avançam. Na China, os testes também estão avançados e contam até com a parceria brasileira. Em alguns países, a barreira sanitária tem impedido a disseminação da Covid-19. O lado pessimista aponta rebaixamento da imunidade das pessoas que desenvolveram anticorpos contra o vírus. Depois de alguns meses – falam em três – a pessoa poderá cair novamente doente. Uma espécie de vaivém. A mostrar que esse danado de bicho tem condições de ganhar força na esteira das fragilidades humanas.

Pós-pandemia

A cada dia aumentam as projeções de que o mundo jamais voltará a ser o que era. Há quem fale em uma ruptura que abrirá espaços a uma “explosão de inovação e uma política não binária”. Quem diz isso é um dos mais renomados analistas da cena internacional, Thomas Friedman, colunista do New York Times, em conversa com Luciano Huck. Para o analista, a pandemia vai levar a uma demolição criativa e exigir uma visão ecossistêmica da realidade. O home office, por exemplo, veio para ficar, chegando-se a calcular que seja algo entre 30% a 40%. Os cuidados com a natureza redobrarão. A saúde estará em primeiro lugar das prioridades.

Gilmar x Forças Armadas

Mais uma pendenga no ar. Em uma conversa virtual, falando do vazio na política da saúde e no ministério ainda ocupado por um interino, o general Eduardo Pazuello, o ministro do STF, Gilmar Mendes, fez um comentário que desagradou às Forças Armadas. Teria sugerido que, a continuar a escandalosa situação, o Exército seria associado ao genocídio. O ministro das Forças, general Fernando Azevedo, fez nota de protesto. O vice, general Mourão, disse que Gilmar se excedeu. O mal-estar permanece no ar, esperando-se que o presidente do Supremo, Dias Tofolli, que já foi assessorado pelo general Azevedo, ponha panos molhados para abafar a fogueira.

Agora…

Sem querer entrar no mérito da questão, urge perguntar: por que isso ocorre? Ora, pelo excesso de militares no governo. Li que já passam de três mil colaboradores. É inevitável que se faça uma associação entre políticas de governo – fracasso ou sucesso – ao desempenho dos militares. Mesmo que se lembre o fato – militar reformado é civil no governo – de que eles integram o corpo governamental. Essa tentativa de separação é um drible expressivo. Com todo respeito.

Encolhimento

Mais um cálculo se apresenta: os donos de fortunas financeiras vão encolher cerca de 6% na esteira da pandemia. Ou seja, essa montanha de dinheiro descerá para US$ 300 bilhões, subindo novamente ao patamar de US$ 490 bilhões apenas em 2024, com expansão anual média de 13,2%.

Testando

A coluna sempre acompanhou o desempenho dos governadores, assinalando resultados de pesquisas e até de enquetes, levantamentos sem critérios científicos. Hoje, propõe aos leitores dos Estados para darem uma nota de 0 a 10 ao desempenho de seus governantes. Se tiverem conhecimento do desempenho de outros figurantes, podem atribuir também uma nota. Enviar questionário por e-mail (clique aqui).

– Eduardo Leite- Rio Grande do Sul – ( )

– Carlos Moisés- Santa Catarina – ( )

– Fátima Bezerra -Rio Grande do Norte ( )

– Wilson Witzel – Rio de Janeiro ( )

– João Doria – São Paulo ( )

– Wellington Dias – Piauí ( )

– Paulo Câmara – Pernambuco ( )

– Ratinho Junior – Paraná ( )

– João Azevedo – Paraíba ( )

– Helder Barbalho – Pará ( )

– Romeu Zema – Minas Gerais ( )

– Reinaldo Azambuja – Mato Grosso do Sul

– Mauro Mendes – Mato Grosso ( )

– Flávio Dino – Maranhão ( )

– Ronaldo Caiado – Goiás ( )

– Renato Casagrande – Espírito Santo ( )

– Ibaneis Rocha – Distrito Federal ( )

– Camilo Santana – Ceará ( )

– Rui Costa – Bahia ( )

– Wilson Lima – Amazônia ( )

– Waldez Goes- Amapá ( )

– Renan Filho – Alagoas ( )

– Gladson Cameli – Acre ( )

– Mauro Carlesse – Tocantins ( )

– Belivaldo Chagas- Sergipe

– Antonio Dennarium – Roraima ( )

– Marcos Rocha – Rondônia ( )

O papel dos governadores

Será vital o papel dos governadores na eleição de 15 de novembro. Desta feita, há um tema posto na mesa da política e que reúne todos os protagonistas: governadores, prefeitos e vereadores – a Covid-19. (Livrem-se desse número rsrs). Portanto teremos uma campanha municipal com toques estaduais. Se o governador é bem avaliado no combate à pandemia, passará sua boa imagem aos seus candidatos. A recíproca é verdadeira. Mas a micropolítica deverá também dar o tom: os benefícios às cidades, bairros e regiões. O atendimento às demandas rotineiras do eleitorado.

Polarização nas grandes cidades

Questão recorrente: a polarização estará nas urnas? Sim. Mas restritas às grandes cidades. Os conflitos entre bolsonaristas e esquerdistas não refluirão no curto prazo. A polarização é o pasto onde se refestelam os bandos extremos. O eterno conflito alimenta os dois lados do cabo de guerra. Com o tempo, haverá arrefecimento deste posicionamento, sob a saturação que sobe aos sistemas cognitivos das classes médias, a partir da teia gigantesca dos profissionais liberais.

Um ano mais triste

Mesmo a campanha eleitoral entrará na queda das folhas mortas de outono ou nos ares mais gélidos do inverno. E nem a primavera de setembro será capaz de transferir cores vivas à campanha. Vivemos um ano triste sob a visão de milhares de covas ao nosso redor. Não será simples apagar visões lúgubres. Curtiremos o inverno de nossas desesperanças e não celebraremos a primavera como nos anos passados. Não se trata de entrar em sofrimento. Mas os tempos de angústia não passam tão rápido como as ventanias desse assombrado inverno. Que a natureza se renove, traga-nos ares mais puros e nos aponte, até o Natal de dezembro, um fio capaz de nos levar ao campo de novas esperanças. Buscar a felicidade é um ato de lindeza do ser humano.

Homenagens

São muitos os brasileiros e instituições que merecem homenagens por terem, ao longo de suas vidas, dedicado esforços em prol do desenvolvimento do nosso país. Em muitas Nações democráticas, a partir dos EUA, esse denodado espírito cívico é intenso e constantemente lembrado. Por aqui, os benfeitos são quase sempre jogados na vala do esquecimento. Neste momento de valorização de perfis cívicos, faço questão de citar uns poucos para tentar enaltecer o orgulho que temos de algumas instituições e perfis de grandeza:

1. Pesquisadores de Institutos, hospitais, associações e afins dedicados às descobertas sobre a pandemia que nos consome.

2. Profissionais da Saúde, a partir da valorosa categoria de enfermeiras (os).

3. CIEE – A maior ONG brasileira, focada na educação e desenvolvimento do jovem.

4. Instituto Mais Plural – Espaço de Debates sobre Realidade Brasileira, reunindo pensadores dos melhores quadros do país e comandado pelo advogado, ex-presidente da OAB/SP, Marcos da Costa.

5. Instituto Baccarelli – Que abriga a Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Exemplo magnífico de empreendimento social.

6. Profissionais do cotidiano, com destaque aos entregadores de comidas e produtos que abastecem famílias.

Pessoas físicas

7. Antônio Ermírio de Moraes – (Homenagem Póstuma) – Benemerência – O mais integrado empresário brasileiro à causa da saúde. Exemplo de grandeza, simplicidade e dedicação.

8. Jorge Gerdau – Empresário que pensa grande sobre o país.

9. Juca de Oliveira – Ator e autor de grandes peças que elegem o riso como ferramenta crítica.

10. Carlos Ayres Britto, ex-presidente do STF, um humanista de primeira grandeza.

11. Drauzio Varella – Um médico que faz da expressão um remédio para salvar vidas.

12. Luiz Trabuco – Um profissional respeitado e do mais alto nível que ajuda o país com sua identidade ligada às finanças. Bom pensador.

13. José Pastore – Um iluminado analista das questões do trabalho. Um sábio.

14. Dom Fernando Figueiredo – O bispo da Zona Sul com sua simplicidade para levar Deus aos mais carentes. Simpatia irradiante.

15. Luiz Carlos Hauly- Ex-deputado, que faz da reforma tributária o credo de sua vida.

16. Roberto Dualibi – Um publicitário que conferiu grandeza e respeito à arte publicitária.

17.Marcelo Alecrim – Um dos melhores exemplos do empreendedorismo nacional.

18. Renato Meirelles – Alto executivo, um sábio da malha ferroviária do país.

19. Ignacio Loyola Brandão – Um cronista que faz bem à nossa alma com seus belos textos sobre a vida cotidiana.

20. Walter Maierovitch – Jurista, ex-desembargador, comentarista de alto nível da CBN, intérprete de complexos problemas que envolvem a teia institucional.

Campanha eleitoral

Estratégias e táticas

Candidatos de todos os partidos ganham mais força quando estabelecem planejamento de suas campanhas. Pequeno roteiro:

– Buscar o apoio de entidades organizadas da municipalidade – sindicatos, associações, federações, clubes, movimentos, núcleos;

– Montar sistema de aferição (pesquisa) de modo a mapear demandas e interesses dos bairros e regiões;

– Estabelecer um programa abrigando ações e projetos específicos para as áreas e elegendo como focos determinados setores da sociedade (mulheres, crianças, jovens, etc.);

– Criar agenda de eventos – pequenos eventos, bem articulados, com pequenos grupos, de forma a estabelecer forte interação entre os interlocutores; mais eventos pequenos funcionam melhor que eventos grandes;

– Criar forte identidade – eleger dois ou três grandes eixos que possam identificar rapidamente o candidato, de forma a estabelecer um diferencial em relação a outros;

– Escolher um grupo de conselheiros entre os nomes mais respeitados da comunidade e que sirva de referência;

– Estabelecer um fluxo de comunicação para a campanha, obedecendo aos ciclos: lançamento do nome; crescimento da campanha; consolidação da visibilidade; maturidade; clímax da campanha e declínio. Deixar volumes maiores para as últimas fases;

– Formar ampla rede de apoiadores/cabos eleitorais de confiança, fazendo com que cada eleitor seja, ele mesmo, um cabo eleitoral;

– Formar uma teia de divulgadores/trombetas de campanha, pessoas que começam a falar das virtudes e qualidades do candidato, de modo natural, conquistando, assim, a simpatia dos ouvintes. Sem demonstrar arrogância;

– Planejar o dia D. Dia das Eleições. Logística, visibilidade/publicidade (controlada), sistemas de articulação/mobilização/apuração, etc.