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A Boa Nova do Ensino Integral

A experiência paulista é incontestável quanto ao êxito do ensino integral. Muita gente não tem noção do que ele representa. Não é aprisionar o aluno por dois períodos, confinado em escolas que às vezes lembram outros estabelecimentos, por suas grades e concertinas. É propiciar ao estudante a oportunidade de fazer projeto de vida, de evidenciar seus interesses nem sempre considerados no esquema convencional e de tornar a vida escolar uma experiência prazerosa, agradável e gratificante.
A melhor prova de que o ensino integral funciona é verificar a alegria do jovem dentro da escola. Constatar sua desenvoltura ao se exprimir. O seu protagonismo, a sua determinação quanto ao amanhã, o carinho com que trata os equipamentos públicos, na verdade custeados por toda a população. Mesmo aquela que não está se servindo do sistema oficial de ensino.
Este ano a rede estadual paulista contará com mais 56 escolas de temo integral. Todas elas de Ensino Médio. Com isso, atinge-se o número de 593 unidades com jornada estendida em todo o Estado. Pouco ainda, considerada a dimensão da estrutura estadual. Mas há necessidade de conscientização de todos os interessados, para que o projeto se dissemine com a rapidez desejável.
O projeto prevê o ensino-aprendizado das disciplinas da Base Nacional Comum Curricular, mais as matérias eletivas, aulas experimentais, o desenvolvimento do projeto de vida, a formação de clube juvenil e a tutoria. As escolas terão laboratórios e refeitórios e são naturais candidatas à obtenção de resultados exitosos nas avaliações periódicas.
A sociedade precisa acordar para prestigiar esse programa. De que forma? Há inúmeras maneiras. Convencendo os pais de que a juventude ganha mais se puder permanecer um período a mais ganhando aprimoramento em sabedoria e experiência na escola, do que partir para um trabalho que terá limites e condicionantes próprios a quem ainda não detém qualificação excelente.
Há Prefeituras que já desenvolvem iniciativas de oferecimento de um segundo turno para os alunos de classes regulares e isso é muito bem-vindo. Também os bem sucedidos projetos de Rotary Club, das Universidades Corporativas e de outras entidades são alavanca imprescindível à adequada formação de pessoal capacitado para atender às demandas de uma era de profundas mutações estruturais.
Basta enfatizar que o jovem à disposição da escola durante algumas horas a mais no seu dia é aquele que deixará de engrossar os barzinhos, as rodinhas de conversa inútil ou perniciosa ou a iniciação ao vício, tão mais sedutor do que aquilo que se pensa oferecer ao estudante, na preservação de um modelo superado e arcaico de educação formal.
A responsabilidade é de todos. Mas o Estado está fazendo a sua parte. Agora é fazer com que família e sociedade assumam a sua parcela e cumpram com o dever explicitado pelo constituinte no artigo 205 da Carta Cidadã que este ano faz seu 30º aniversário.

 

  • José Renato Nalini (secretário da Educação do Estado de São Paulo e docente da Uninove)