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Aplausos

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Pertenço a um nicho que muitos acreditam sermos iluminados. Admiram nossa sapiência, idolatram a maneira de como nos expressamos, apreciam nossa forma de escrever e, no entanto, não nos ouvem. Buscam na conveniência das ocasiões um pronome para nos retratar, combinam com o calendário, programam nossas ações, decidem o que devemos lecionar.

Usam nossos nomes depois das nossas jornadas terrestres, para nomear os prédios. Fazem tudo ao seu bel prazer, sem levar em consideração, o que poderá ser bom ou ruim à nós. Planejam onde será eriçado os novos prédios, decidem suas mobílias, arranjam suas disposições, ditam suas estruturas, combinam suas cores, sem ao menos consultar as nossas opiniões.

Escolhem, livros do programa nacional do livro didático, decidem o currículo escolar, escolhem o material que devemos usar, obrigam-nos a usarmos jalécos, opinam sobre nossa indumentária, regulam-nos a merenda escolar. Estão preocupados com a educação de gêneros, a forma à qual iremos abordar. Temem a nossa contextualização, sabem que não iremos florear, nem tão pouco nos omitir. Temos que apontar os problemas, e ainda suas possíveis soluções, mas se antecipam dizendo que isso é partidarização e, querem uma escola sem partido.

Sigamos o exemplo deste momento de pandemia, de uma hora para outra os educadores se viram na eminência de criarem uma grande rede para suprir a necessidade da educação presencial. Da noite para o dia os professores deixaram de ser coadjuvantes e passaram a ser protagonistas, tornaramse em yutuber, usam a sua internet, os seus dados móveis; seus celulares, tablets e computadores criando todo um aparato para atender a necessidade momentânea.

Agora todos discutem a volta as aulas, especialistas em saúde, secretários da saúde e educação, prefeitos, governadores e demais ditam o melhor momento para o retorno, observem bem que os professores, os pais de alunos sequer são ouvidos, sendo ser estes quem deveriam opinar. Vejam os nossos dilemas, nem sempre a pasta da educação é carregada pelas mãos de quem faz educação, um educador.

Não nos culpem pelo caos, afinal sequer nos consultam para algo. Não apontem para nós quando o assunto for baixos índices, afinal a educação começa muito antes do ladeamento escolar. Um indivíduo só conhece o seu real valor, quando é lhe oferecido a ferramenta certa e as oportunidades devidas. Não se faz educação com indiferença, selecionando e classificando. A educação é o caminho único, onde o indivíduo é acolhido e incluído e, o professor deverá ser o semeador que lança a semente sem se preocupar em que solo semear, pura e simplesmente o faz.

Seja onde for, os livros levam as mesmas mensagens, esteja onde estiver, o caminho da construção do saber é devidamente igual, o que muda são os intermédios. A alternância está em como e o que se faz, com o conhecimento adquirido. Por que será que no saresp, os melhores alunos da série final do ensino médio não têm acesso garantido em uma Universidade pública?

Assim também, deveria ser para os melhores alunos da série final do ensino fundamental, ter acesso garantido nas ETECS. Assim é a jornada de um professor, dizem que somos fundamentais, entretanto tudo que nos resta é aplaudir ou sermos aplaudidos.