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A economia e o corona

Quando eu era criança eu imaginava que meu pai tinha um dinheiro ilimitado, que era o talão de cheques. Bastava preencher o cheque e pronto, qualquer coisa era possivel. Descobri anos depois que o valor preenchido naquela folha mágica tinha que ser pago a um banco posteriormente. Minha doce ilusão de infância, onde meu pai tinha poderes financeiros ilimitados, acabou ali.

Algumas pessoas, movidas pela ignorância, pensam que o governo tem esse poder ilimitado. “O governo tem que dar as empresas e empregados um valor de 50% do PIB” dizem eles. Então, movido a vingança de ter perdido essa minha ilusão, quero aqui desmistifica-la. Se não quer perde-la pare de ler agora.

Um termo muito falado é o PIB, que significa Produto Interno Bruto. O PIB nada mais é do que toda riqueza produzida no Brasil. Alguns ignorantes pensam que é esse PIB que o governo arrecada para seus cofres. Sinto dizer mas não é o PIB e sim 40% dele (percentual arredondado pra cima da nossa carga tributária). Em resumo, se o PIB é 100 reais chega para os cofres do governo 40 reais.

Bom, nesses 40 reais temos um outro detalhe muito importante chamado “Lei de responsabilidade Fiscal”. Essa Lei salvou do Brasil de um baderna geral em uma época que união, governo e municípios gastavam muito mais do que arrecadavam. Essa lei, de maneira bem objetiva, limita os gastos do governo. Esse limite fica distribuído assim:
50% para pagar funcionários
minimo de 18% gastos com educação
minimo de 12% gastos com saúde

Então voltemos aos tais 40 reais que o governo arrecadou. Desses 40 reais o governo gasta 20 reais para pagar seus funcionários (e regalias) sobrando outros 20 reais.
Destes 20 reais que sobram R$ 7,00 vai pra educação e R$ 2,40 pra saúde. Vai sobrar R$ 10,60.

Agora vamos voltar ao inicio, quando o PIB era de R$ 100,00 e você pensava que esse valor todo entrava para o governo e ele poderia ajudar a todos. Que triste né? Sobra só R$ 10,60. Pouco né? Mas o cenário é ainda pior. Sabe aquele deficit da previdência, sim, a previdência que paga aquelas regalistas todas a políticos, militares, funcionários públicos, etc. Então essa previdência come 20% daqueles 40 iniciais então esses R$ 10,60 vamos tirar 20% dele também. Sobra R$ 8,00.

Mas ainda piora um pouco, esses R$ 8,00 são usados para investimentos como construção de estradas, pontes, fundo eleitoral, fundo partidário e tudo mais. Só que não vou colocar esses valores nessa conta, vamos focar nos 8 reais que sobram.

Resumindo: A cada 100 reais do PIB o governo arrecada 40 e ele só pode ajudar no máximo com 8 reais. Sendo que se ajudar com esses 8 reais ele tem que para de gastar com todo restante possivel.

Esse é o motivo dos empresários estarem alertando. A vida é muito importante mas temos que conseguir um jeito de ter as vidas preservadas e também sobreviver. Imaginar que o governo vai nos salvar financeiramente neste momento é muita ilusão e inocência. Temos que dar um jeito, como eu não sei. Mas sei que o caminho não é esperar essa ajuda salvadora do governo, isso não vai acontecer e minha conta acima prova isso.

Números que irão ajuda na conta:
PIB do Brasil em 2019: R$ 7,3 (Trilhões)

Arrecadação 2019: R$ 2,39 Trilhões (34% – lembra que eu arredondei pra cima? é menos ainda)

Rombo da previdência 2019: R$ 309,00 bilhões

Alguns questionamentos inúteis para o momento:
1) Vamos mudar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
R) Não da, a lei em si é muito boa e se mudar vai voltar a farra que era antes.

2) Vamos mudar a lei somente para este momento.
R) Não da, isso leva tempo, o momento exige urgência.

3) Vamos tirar as regalias.
R) Mesma resposta da 2.

4) Vamos cortar os salários dos políticos e assessores.
R) Seria uma boa medida, talvez aumente uns 2 reais na conta que foi feita no texto. Ajuda sim mas não chega nem perto de resolver.

5) Vamos criar imposto sobre grandes fortunas?
R) Até pode ser uma saída no futuro. Tributar ainda mais o lucro acho muito injusto. Mas neste momento criar imposto é dar um tiro no próprio pé, é vc afundar quem está se afogando.

Eduardo Motta é CEO da EMotta Sistemas. Empresa com 18 anos de mercado e especializada em solução de controle de ponto eletrônico com centenas de clientes espalhadas por vários estados do Brasil