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Obras paradas, dinheiro escoando e silêncio oficial: gestão Leitinho acumula denúncias e frustra população

Calçadas superfaturadas, escola inacabada, base da GCM abandonada e até suspeita de alunos fantasmas marcam cenário de caos administrativo em Nova Odessa

A Prefeitura de Nova Odessa enfrenta uma série de denúncias graves que expõem um cenário de descaso com o dinheiro público, obras abandonadas, promessas não cumpridas e uma gestão marcada pelo silêncio diante das cobranças. No centro dessa crise está o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, e seu vice Alessandro Miranda, o Mineirinho, que têm optado por respostas vagas ou sigilosas, mesmo diante de suspeitas concretas de superfaturamento e má gestão de recursos.

O caso mais recente envolve a polêmica das “crianças fantasmas” em creches conveniadas ao programa Bolsa Creche. A denúncia, feita pelo vereador André Faganello, aponta que 76 crianças estariam matriculadas apenas no papel, levantando suspeitas de que a Prefeitura estaria pagando por vagas que, na prática, não existem. Questionada, a administração limitou-se a informar que os documentos estão sob sigilo, impedindo qualquer esclarecimento à população. O próprio vereador, ao usar a tribuna, ironizou a situação ao chamar os supostos alunos de “gasparzinhos” e cobrou transparência: “Pedi dados simples e recebi silêncio. Isso só reforça o que se comenta nos bastidores”.

A mesma estratégia de silêncio foi adotada em outro caso igualmente grave: a obra de quase R$ 1 milhão na Escola Municipal José Mário, no Jardim Santa Rita II. A construção de uma nova cozinha com refeitório e pátio coberto deveria ter sido concluída há mais de um ano. No entanto, a estrutura segue inacabada, mesmo após quase todo o valor previsto já ter sido pago à empreiteira contratada, a Ferrezin Ltda. O prefeito respondeu a um requerimento da Câmara dizendo que abriu uma sindicância, mas, novamente, alegou sigilo como justificativa para não fornecer informações sobre os pagamentos, os responsáveis ou os motivos da paralisação.

A mesma empreiteira aparece também em outro ponto crítico da cidade: a base da Guarda Civil Municipal, que seria construída na Avenida João Pessoa com recursos próprios do município. A obra, lançada em 2023 como “um marco histórico”, foi orçada em R$ 2,4 milhões e até agora não saiu do papel. Apesar de mais de R$ 280 mil já terem sido pagos, o canteiro de obras virou um retrato do abandono. Vídeos feitos por moradores mostram mato alto, estrutura inacabada e nenhuma movimentação no local. Guardas municipais relataram insatisfação com a gestão e acusam a administração de fazer promessas vazias.

E como se não bastasse, o caso das calçadas escancara outro possível rombo milionário. O contrato firmado com a empresa ELO9 EIRELI previa a construção de 25 mil metros quadrados de calçadas por R$ 6 milhões. Mas, segundo a própria Prefeitura, apenas 3.688 m² foram executados – o que representa menos de 15% do total. O Ministério Público já abriu inquérito para investigar possível superfaturamento, pagamentos indevidos e fraude na execução da obra. O nome do prefeito Leitinho consta diretamente na denúncia, ao lado de servidores que teriam atestado medições e autorizaram repasses à empresa.

Diante de tantos indícios e denúncias, causa estranheza a inércia da Câmara de Vereadores. Nem o líder do governo, vereador Maito, nem os demais parlamentares se manifestaram com a firmeza que a situação exige. O silêncio institucional generalizado – tanto do Legislativo quanto da própria Prefeitura – alimenta a desconfiança da população e enfraquece o princípio da transparência pública. O Ministério Público, por sua vez, também tem sido cobrado por não adotar medidas mais incisivas, mesmo diante de fatos já denunciados formalmente.

A sensação entre os moradores é de frustração e abandono. Obras não saem do papel, o dinheiro público escorre por contratos suspeitos e quem deveria fiscalizar prefere manter os olhos fechados. A população cobra respostas. E mais do que isso: cobra respeito.