Nova Odessa vive um cenário preocupante. Ruas esburacadas, calçadas incompletas, obras abandonadas e escolas com obras sob sindicância em sigilo. A cidade parece parada no tempo, mas os contratos milionários seguem ativos — e o dinheiro some sem deixar rastros visíveis de melhorias.
Mais de R$ 6 milhões já foram destinados à reforma de calçadas na marginal, mas basta andar por ali para constatar o abandono: mato alto, concreto quebrado e trechos inseguros para pedestres. A obra da nova sede da Guarda Civil Municipal consumiu R$ 386 mil, mas o que se vê é um terreno praticamente inalterado. Escolas prometidas seguem inacabadas, sem qualquer previsão realista de entrega. Para completar, loteamentos seguem sendo aprovados em série, sem transparência e sem contrapartidas visíveis.
Diante disso, o mínimo que se espera do prefeito Claudio José Schooder, o Leitinho, é que assuma a responsabilidade e debata abertamente os problemas de sua gestão. Mas não é o que acontece. O prefeito se recusa a falar publicamente sobre as denúncias. Evita entrevistas, ignora os pedidos de explicação da imprensa e adota a estratégia do silêncio — como se o tempo fosse apagar os erros.
Para piorar, o que se vê nas redes sociais são comentários artificiais, sempre defendendo a administração, com o mesmo tom, as mesmas palavras. Muitos desses comentários vêm de servidores comissionados que, segundo relatos, são pressionados a defender o governo nas redes sociais sob ameaça de perder o emprego. Um ambiente tóxico e de medo, incompatível com qualquer governo que se diga democrático e transparente.
E em vez de dar respostas à população, o assessor de imprensa da Prefeitura, Wagner Salustiano, opta por atacar o Jornal de Nova Odessa — justamente o veículo que vem cobrando esclarecimentos sobre calçadas, sede da GCM, escolas inacabadas e contratos suspeitos. Como jornalista, Salustiano deveria saber que a função da imprensa é fiscalizar, questionar e informar. O ataque à liberdade de imprensa revela não apenas despreparo, mas também desespero de quem não tem o que responder.
O jornal segue aberto ao contraditório e reafirma: a Prefeitura tem espaço garantido para apresentar todas as explicações que julgar necessárias. Basta que envie documentos, fatos, relatórios, provas. Ataques não substituem prestação de contas.
E onde estão os vereadores diante de tudo isso? Silenciosos. Tanto os da base do governo quanto os da suposta oposição seguem em conivente silêncio. Nenhuma cobrança pública, nenhum pedido de investigação, nenhuma audiência para tratar desses temas. O Legislativo virou um espectador passivo diante do colapso da cidade — e isso é inaceitável. Fiscalizar é obrigação, não favor.
Enquanto o governo se esconde, os vereadores se calam e o assessor ataca a imprensa, quem paga a conta é a população. Faltam remédios, médicos, manutenção e vagas. Falta transparência. Falta coragem. Falta governo. E sobram contratos, omissão e silêncio.
O Jornal de Nova Odessa seguirá fazendo o que sempre fez: jornalismo com responsabilidade. Porque, em tempos de abandono, alguém precisa continuar cobrando.