in ,

Nova Odessa mergulhada em escândalos: Prefeitura e MP se calam diante de denúncias milionárias

Obras paralisadas, contratos suspeitos, apagões em rodovias e prejuízo à educação revelam cenário de abandono e omissão do poder público municipal. População cobra transparência e respostas imediatas.

Nos últimos meses, uma série de denúncias envolvendo a administração municipal de Nova Odessa veio à tona, expondo irregularidades milionárias, obras abandonadas, falhas em serviços básicos e omissão na gestão de recursos públicos. Em comum, todos os casos têm um elemento que vem indignando a população: o silêncio da Prefeitura, comandada pelo prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, e a ausência de respostas efetivas do Ministério Público.

Em pelo menos cinco casos graves, envolvendo diferentes áreas da administração municipal, não há respostas claras, nem da Prefeitura nem do MP, mesmo com requerimentos protocolados, investigações em andamento e cobranças feitas por vereadores e pela sociedade civil.

Calçadas de R$ 6 milhões: menos de 15% executado

Uma das denúncias mais graves envolve a contratação da empresa ELO9 EIRELI para a construção de 25 mil metros quadrados de calçadas ao custo de mais de R$ 6 milhões. Segundo dados da própria Prefeitura, menos de 15% da obra foi executada — um possível caso de superfaturamento e pagamento por serviços não realizados.

O caso levou à abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público, mas até agora, nenhuma medida concreta foi tomada para punir os responsáveis ou devolver os recursos públicos. O prefeito Leitinho, a gestora do contrato, fiscais da obra e o representante da empresa foram citados na denúncia, mas seguem atuando normalmente, sem qualquer tipo de responsabilização.

Delegacia abandonada: R$ 2 milhões investidos sem retorno

Outro símbolo do descaso é a obra da nova delegacia de polícia da cidade, paralisada desde 2023, com mais de R$ 2 milhões já investidos. A promessa era entregar o prédio em abril de 2024. Passado mais de um ano, o que se vê é abandono e dinheiro público desperdiçado. Enquanto isso, a população segue sendo atendida em um imóvel alugado, ao custo de R$ 8,5 mil por mês, gerando ainda mais gastos aos cofres municipais.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado e o Tribunal de Contas foram acionados. Um requerimento do vereador Elvis Pelé cobrando explicações continua sem resposta há quase três meses. Mais uma vez, a Prefeitura não se posiciona, e o Ministério Público se mantém em silêncio.

Rodovias às escuras e risco à população

Enquanto milhões são desperdiçados em contratos questionáveis, moradores enfrentam insegurança e medo à noite nas principais vias da cidade, como as rodovias Arnaldo Júlio Mauerberg e Rodolfo Kivitz. A falta de iluminação pública já provocou relatos de tentativas de assalto e abandono de práticas esportivas noturnas. Há postes sem luminárias e trechos completamente apagados.

O problema se arrasta há meses, sem qualquer plano de ação da Prefeitura. Não há explicações, muito menos previsão para solução.

Educação sucateada: tablets recolhidos por falta de pagamento

A educação também sofreu um golpe. Após dez meses de atraso nos pagamentos, a empresa responsável pelo fornecimento de tablets e computadores recolheu todos os equipamentos das escolas municipais, afetando cerca de 5.300 alunos. A retirada prejudicou diretamente as atividades pedagógicas.

O vereador André Faganello criticou duramente a gestão municipal, que investiu R$ 600 mil em ovos de Páscoa, mas não conseguiu manter os contratos que garantiriam acesso à tecnologia nas escolas. Novamente, nenhuma resposta oficial da Prefeitura foi dada até agora.

Obra de R$ 1 milhão abandonada em escola

Na Escola Municipal José Mário, no Jardim Santa Rita II, uma obra de quase R$ 1 milhão está parada há 14 meses, com R$ 900 mil já pagos. A Prefeitura se recusa a informar os motivos da paralisação, alegando “sigilo de sindicância”, e não apresenta prazo ou plano para a retomada da construção.

O Ministério Público foi acionado por possível superfaturamento e omissão na fiscalização, mas nenhuma ação prática foi divulgada. O caso envolve diretamente o prefeito Leitinho, ex-secretários de Educação e a empresa contratada.

População pede transparência, mas recebe silêncio

A soma desses casos evidencia um padrão perigoso: obras públicas abandonadas, má gestão de contratos, prejuízo à população e total ausência de transparência. A Prefeitura, que deveria prestar contas, se cala. O Ministério Público, que deveria agir, não dá respostas.

Enquanto isso, a população de Nova Odessa paga a conta — seja com ruas escuras, escolas sucateadas, obras inacabadas ou milhões que desaparecem sem explicação.

O silêncio das autoridades começa a soar como conivência. E os cidadãos, cada vez mais indignados, se perguntam: quem vai, de fato, fiscalizar e responsabilizar os culpados?