Nova Odessa enfrenta uma grave crise de planejamento urbano. Em poucos anos, 28 novos loteamentos foram aprovados e liberados, mesmo sem garantias mínimas de infraestrutura como saneamento básico, pavimentação ou acesso a serviços essenciais. O que deveria ser desenvolvimento tornou-se um cenário de expansão descontrolada, com impacto direto na qualidade de vida da população e na organização da cidade.
No início do mandato do prefeito Leitinho, o tema chegou a ser tratado com alguma seriedade. O Ministério Público, representado pelo promotor Carlos Nardy, havia demonstrado preocupação com o avanço desses loteamentos. O próprio Plano Municipal de Saneamento, entregue à Promotoria, já alertava sobre os riscos de se permitir o crescimento urbano sem estrutura mínima. Ainda assim, nenhuma ação prática foi adotada até agora. A inércia do MP diante de um problema conhecido e documentado reforça a sensação de abandono institucional e desinteresse diante de um colapso urbano iminente.
Paralelamente, outro exemplo do descaso público escancara a má gestão municipal. A Escola Municipal José Mário, no Jardim Santa Rita II, deveria estar pronta para receber os alunos com uma nova cozinha, refeitório e pátio coberto. O investimento prometia quase R$ 1 milhão em melhorias. Mas a realidade é outra: o local está tomado pela poeira, pelas paredes inacabadas e pelo silêncio das máquinas paradas. Dos cofres públicos, cerca de R$ 900 mil já foram pagos à empresa contratada, a Ferrezin Ltda, mesmo com a obra longe da conclusão.
Diante das denúncias, o vereador André Faganello (Podemos) solicitou informações via requerimento. A resposta da Prefeitura foi que uma sindicância foi aberta para apurar o caso — porém sob sigilo. Nenhuma data de paralisação foi informada. Nenhuma explicação sobre os motivos. Nenhum nome de responsável. Tudo guardado em silêncio, como se a população não tivesse o direito de saber o destino de quase R$ 1 milhão de dinheiro público.
A situação é ainda mais grave com a denúncia já protocolada no Ministério Público, apontando suspeitas de superfaturamento, pagamentos indevidos, omissões na fiscalização da obra e indícios de má gestão do contrato 20/2023. Apesar disso, até agora, a Prefeitura pede paciência e promete revelar “eventualmente” algumas informações, após a conclusão da investigação interna — sem prazo definido.
Enquanto isso, os moradores convivem com loteamentos mal planejados, obras inacabadas e um poder público que trata com sigilo aquilo que deveria ser tratado com responsabilidade e transparência. A combinação de omissão institucional, falta de gestão e silêncio das autoridades tem um custo alto: o futuro de Nova Odessa, que está sendo comprometido em troca de promessas vazias e respostas que nunca chegam.