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Quarentena aumenta denúncias de violência doméstica

O isolamento e a convivência forçada tendem a deixar o agressor ainda mais violento

O aumento das denúncias de violência doméstica na quarentena expõe um problema que poderá se agravar ainda mais no País. O alerta é da psicóloga Géssyca Saturnino, especialista em violência contra a mulher. Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), mostram que a quarentena provocou um aumento de quase 9% no número de denúncias ao Ligue 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher.

Segundo os números do Ligue 180, a média diária de ligações recebidas entre os dias 1º e 16 de março foi de 3.045 ligações e 829 denúncias registradas, contra 3.303 ligações e 978 denúncias registradas entre os dias 17 e 25 de março. No estado de São Paulo, para conter o aumento da violência doméstica, a Secretaria de Segurança Pública vai disponibilizar o registro de ocorrências de violência doméstica online.

O isolamento e a convivência forçada tendem a deixar o agressor ainda mais violento. A preocupação é mundial e despertou atenção especial da ONU, que alertou que os governos devem defender os direitos humanos de mulheres e crianças e adotar ações urgentes para as vítimas deste tipo de violência.

Para a psicóloga Géssyca Saturnino, neste momento de distanciamento social, a família, amigos e vizinhos têm um papel importante no apoio às mulheres que vivem sob ameaça. “O ideal é que a mulher que se sentir ameaçada, faça o isolamento social na casa de um parente. Mas se isto não for possível, os familiares, amigos e vizinhos devem ficar atentos ao comportamento da mulher. O uso das redes sociais para aproximar os amigos e parentes está sendo bastante recomendado e são canais importantes para fazer este monitoramento”, afirma Géssyca.

Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas através do Ligue 180. O canal funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. As ligações são gratuitas e confidenciais. Além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminhá-las aos órgãos competentes e realizar seu monitoramento, o Ligue 180 também divulga informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.

Géssyca lembra que a Lei Maria da Penha prevê violência física, psicológica, patrimonial, sexual e moral como crimes que podem afastar o agressor do lar. A lei também assegura a proteção da vítima pelo encaminhamento a um programa oficial de proteção, por exemplo.