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Prefeitura perde CND (Certidão Negativa de Débito) por dívida deixada por Samartin

O programa Projovem, posto em prática na gestão Samartin, tinha como objetivo qualificar jovens na faixa etária de 18 a 29 anos para o mercado de trabalho e para isso recebeu R$ 1,542 milhão.

Juiz Marcelo Luís de Souza Ferreira, da 2ª Vara do Trabalho de Americana, concedeu liminar em favor da Prefeitura de Nova Odessa, proibindo que representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais entrassem e permanecessem em áreas de acesso restrito ou controlado dos prédios públicos sem prévia autorização.

A Prefeitura de Nova Odessa foi informada nesta semana que será inscrita no Cadin (Cadastro Nacional de Inadimplentes) por conta de uma “herança” deixada pelo ex-prefeito Manoel Samartin (PDT), responsável pela implantação do programa Projovem Trabalhador no município, entre os anos de 2009 e 2011, e cuja prestação de contas foi reprovada pelo Ministério do Trabalho, que determinou a devolução de R$ 778,4 mil à União em função de irregularidades. Com isso, a atual administração perdeu a CND (Certidão Negativa de Débito) e corre o risco de ficar sem repasses dos governos estadual e federal.

O programa Projovem, posto em prática na gestão Samartin, tinha como objetivo qualificar jovens na faixa etária de 18 a 29 anos para o mercado de trabalho e para isso recebeu R$ 1,542 milhão. O ex-prefeito de Nova Odessa, ao lado de outras 13 pessoas e empresas, são alvos de uma ação movida pelo MPF (Ministério Público Federal) e já aceita pela Justiça Federal de Americana (leia mais abaixo).

“Assim que fomos comunicamos desta decisão, já iniciamos uma negociação na tentativa de recuperar a CND e deixar o nome de Nova Odessa limpo, como sempre deve estar. É mais um problema deixando pela administração do ex-prefeito Samartin e que nós estamos tendo que resolver. É uma notícia que nos preocupa muito, porque sem a CND o município fica proibido de receber repasses tanto do governo federal como do governo estadual e prejudica diretamente a população”, afirmou o secretário de Governo, Wagner Morais.

PRECATÓRIOS

Morais fez questão de lembrar que essa não é a primeira “herança” deixada pelo ex-prefeito. Só para honrar os precatórios pela desapropriação das áreas onde foram formadas as represas de abastecimento do complexo Recanto, assinados em 2012, ou seja, ainda na antiga administração, o governo Bill desembolsou mais de R$ 13 milhões. “Dinheiro esse que poderia ter sido investido em áreas muito mais prioritárias”, ressaltou o secretário de Governo.

FISCALIZAÇÃO

O Grupo Executivo de Prestação de Contas constatou, por meio de várias fiscalizações, que a meta de qualificação não foi alcançada, uma vez que 261 jovens foram qualificados, correspondente a 26,1% da meta pactuada. Outro apontamento feito pelo órgão vinculado ao Ministério do Trabalho se refere a meta de inserção, que também não foi integralmente cumprida, sendo inseridos somente 64 jovens no mercado de trabalho, o que representa 24,5% do total de jovens qualificados.

O relatório da Secretaria de Políticas Públicas e Emprego traz que, após ser notificada das inconsistências e impropriedades, a gestão do ex-prefeito Samartin tão somente reapresentou o relatório final de cumprimento do objeto, mas não novos documentos comprobatórios, tais como notas fiscais, faturas e recibos que pudessem comprar a aplicação do total dos recursos transferidos.

SAMARTIN

Questionado, o ex-prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin, disse acreditar que não há nenhuma pendência sobre o assunto. “Como o programa não atingiu o número de alunos pretendido, a segunda parcela destinada ao programa foi devolvida, inclusive, na época, abrimos um inquérito contra a empresa responsável pelo Projovem Trabalhador e rescindimos o contrato. A meu ver, a atual administração deve procurar na contabilidade da prefeitura os comprovantes e apresentar ao Ministério Público para que tudo seja esclarecido”, disse o ex-prefeito a reportagem do Jornal de Nova Odessa.

EX-PREFEITO É INVESTIGADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

O ex-prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin (PDT), foi denunciado em dezembro de 2016 pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na execução, entre 2009 e 2010, do Projovem Trabalhador, programa mantido pelo Ministério do Trabalho cujo objetivo é capacitar jovens de baixa renda para o mercado. Integram a ação de improbidade administrativa, que tramita na 1ª Vara Federal de Americana, outros 13 réus, além de empresas e entidades.

O documento aponta, entre outras coisas, a dispensa indevida de licitação para contratação do instituto que ficou responsável pelas aulas de qualificação; utilização também indevida da estrutura do município para execução do programa; adulteração na lista de frequência dos alunos; desvio de dinheiro destinado ao vale transporte e aquisição de uniformes; e má qualidade dos lanches fornecidos aos jovens, bem como fraude na contratação da empresa responsável por fornecer os alimentos.

A procuradora da República, Andréia Pistono Vitalino, responsável pela ação, pede, em caso de condenação, que os envolvidos promovam o ressarcimento integral do dano causado aos cofres públicos, suspensão dos direitos políticos por até 5 anos e multa de até duas vezes o valor do prejuízo apurado, que ultrapassa a casa de R$ 874 mil.