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‘Me sinto mais preparada pra continuar na linha de frente’, diz 1ª imunizada em Nova Odessa

Enfermeira Jéssica Alves da Silva, primeira a tomar vacina contra a Covid-19, trabalha na Unidade Respiratória do Alvorada

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“Me sinto mais preparada pra continuar na linha de frente. Estou mais protegida, agora, após tomar a segunda dose da vacina”. Essas são as palavras da enfermeira Jéssica Alves da Silva, que há cerca de 10 meses trabalha na Rede Municipal de Saúde de Nova Odessa. Jéssica, ao lado de outros 50 profissionais, atua na “linha de frente” da UR (Unidade Respiratória) do Jardim Alvorada, e foi a primeira a ser imunizada contra a Covid-19 na cidade, no último dia 21/01.

O local é referência no acolhimento e internação de pacientes com Covid-19 no município. A enfermeira tomou nesta semana a tão aguardada segunda dose. Novamente, ela estava no primeiro grupo. Ela conta que, no início da pandemia, ficou assustada e tinha medo de levar o vírus para a casa da sua família.

“No início eu me senti bem assustada, com medo, principalmente de levar algo para dentro de casa para minha família. Durante essa pandemia, tive crise de ansiedade, depressão, precisei passar por tratamento psicológico e até iniciar medicação. Minha família tinha medo de mim e eu não podia abraçar ninguém. Quando meu pai me viu a primeira vez com a máscara (N95), e não podia me abraçar, ele chorou muito. Foi difícil, essa distância mexeu muito comigo e tive que superar”, destacou Jéssica.

Durante esses 11 meses de pandemia, a enfermeira, que mora no próprio Jardim Alvorada, próxima à Unidade onde trabalha, comentou que viu vários colegas de trabalho se infectarem. Alguns tiveram complicações e precisaram ser transferidos e internados. Um deles, um médico infectologista de 45 anos de outra cidade, faleceu em agosto do ano passado por complicações do novo coronavírus.
“Vários colegas de trabalho se infectaram, alguns precisaram ser transferidos ou até entubados. Entre esses amigos, perdi um amigo médico infectologista, com quem tive a honra de trabalhar no Hospital São Francisco, em Americana. Foi bem difícil e, agora com a vacina, surge um momento de esperança para todos”, afirmou.

Mesmo diante dos medos que a pandemia vinha representando na vida da enfermeira, Jéssica não teve dúvidas: vestiu o jaleco, colocou a máscara de proteção facial, touca, óculos de proteção e luvas e se colocou à disposição para realizar o enfrentamento contra o vírus na “linha de frente” do atendimento público.

“Estamos aí, firmes e fortes. Não tenho filhos e fui trabalhar por livre e espontânea vontade, pra ajudar. Tento fazer o melhor pela profissão que eu escolhi. Eu amo muito minha profissão, amo ser enfermeira”, finalizou a entrevistada, enquanto se preparava para assumir mais um turno de trabalho na UR do Jardim Alvorada.

IMUNIDADE

Jéssica sabe que, após receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19, o seu organismo começa a produzir os anticorpos contra a Covid-19 na quantidade que garante a imunização apenas depois de 15 dias. A explicação é da enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Nova Odessa, Paula Mestriner. “Aquela proteção prometida nos estudos de eficácia vacinal só vai ser obtida 15 dias após a segunda dose”, salientou.

Ela fez um alerta: “Independentemente de estar ou não imunizado contra o novo coronavírus, a verdade é que não será possível abandonar as máscaras tão cedo, já que depois de receber as suas doses a pessoa tem menos chances de ficar doente com a Covid-19, mas ela ainda pode ser uma transmissora da doença”, acrescentou.

“A vacina não evita que se entre em contato com o vírus, que a pessoa adquira o vírus e transmita o vírus aos outros. Ela vai evitar apenas que a pessoa adoeça e tenha a doença em suas formas mais graves. É essencial que toda a população compreenda isso”, reforçou a enfermeira.