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Haitianos são maioria entre os imigrantes no mercado formal brasileiro

Maioria dos imigrantes se concentra no Sudeste e Sul do Brasil

Nova Odessa oferece aulas de português a haitianos que moram na cidade.

Os haitianos são os imigrantes com maior presença no mercado formal de trabalho brasileiro. O dado é da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2016, a mais recente, do Ministério do Trabalho. Dos 115.961 trabalhadores não brasileiros contratados formalmente no Brasil no ano passado, 26.127 pessoas eram originárias do Haiti, 22,53% do total.
O número já foi maior. Em 2015, o auge dos haitianos no país, eles chegaram a somar 34.224 trabalhadores formais. O ministro do Trabalho em exercício, Helton Yomura, explica que a imigração de haitianos foi um fenômeno que começou a ocorrer no Brasil principalmente após 2010, quando um terremoto devastou a ilha. No entanto, a crise econômica vivida pelo Brasil após 2014 encerrou essa tendência.
Em segundo lugar na lista dos trabalhadores vindos de outros países para o Brasil estão os portugueses, com 9.088 vínculos, que antes da vinda dos haitianos ocupavam sempre a primeira colocação na lista de imigrantes no Brasil. As três nacionalidades seguintes na lista de trabalhadores imigrantes no mercado formal brasileiro são de países latino-americanos: Paraguai (7.953), Argentina (7.354) e Bolívia (6.427). Com exceção dos paraguaios, que apresentaram um leve crescimento da presença no mercado formal brasileiro, todos os demais tiveram quedas, apesar de muito pequenas.
Os venezuelanos aparecem na 19ª posição da tabela, com 1.293 vínculos. Apesar de pequeno, o número não surpreende, pois o forte da imigração da Venezuela para o Brasil ocorreu em 2017, que terá os resultados medidos apenas em 2018. Independentemente da baixa presença dos venezuelanos, os latino-americanos representam quase um terço dos imigrantes no mercado formal brasileiro. Do total de vínculos de pessoas vindas de outros países, 42.211 são de pessoas originárias da América Latina. Em segundo está a América Central e Caribe, principalmente por causa do Haiti, seguida da Europa, Ásia, África e América do Norte. Yomura lembra que o Brasil é um dos países mais acolhedores do mundo em relação aos imigrantes e isso se reflete no mercado de trabalho. Ele lembra ainda que a política brasileira em relação ao trabalho de imigrantes também favorece.Apesar disso, os trabalhadores não brasileiros representam apenas 0,25% do total de empregados formais no Brasil. Em 2016, havia 46 milhões de pessoas vinculadas a alguma empresa no país, apenas 115,9 mil eram de nacionalidade estrangeira. Um grupo menor ainda, 8,4 mil, era naturalizado brasileiro.

MAIORIA

Dos 115.961 imigrantes que trabalhavam formalmente no Brasil em 2016, 99.501 estavam nas regiões Sudeste e Sul do país, o que representa 85,8% do total. A maioria tinha vínculo em São Paulo, que concentrava 43.141 trabalhadores não-brasileiros. O segundo maior estado em número de imigrantes era Santa Catarina, com 14.348 trabalhadores formais vindos de outros países.
Com exceção dos portugueses, que estão presentes em todas as regiões do Brasil, a origem dos imigrantes varia conforme a região. No Sul e Sudeste predominam os haitianos. Eles também estão entre os principais trabalhadores não brasileiros do Centro-Oeste, ficando atrás apenas dos paraguaios nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde a proximidade geográfica com o país latino é maior.
O coordenador substituto da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho, Luiz Alberto Matos dos Santos, explica que o grande fluxo dos haitianos foi para a região Sul, principalmente Santa Catarina, onde eles trabalham na criação, trato e abate de animais e na indústria ligada à área da alimentação.
No Norte, peruanos e bolivianos estão entre as principais nacionalidades devido à proximidade com a fronteira. No Nordeste são os europeus que predominam. Segundo Luiz Alberto, eles trabalham principalmente nas cidades turísticas e no ramo de hotelaria. A exceção está no Ceará, onde existe um número grande de coreanos. “No Ceará fica a Companhia Siderúrgica do Pecém, que é coreana e veio para o Brasil a partir de um consórcio com a Vale do Rio Doce”, explica.

IMIGRANTES EM NOVA ODESSA
No município, segundo levantamento do setor de Assuntos Metropolitanos, Nova Odessa conta hoje com cerca de 60 haitianos trabalhando formalmente em empresas da cidade.
O último estudo realizado pelo setor de Assuntos Metropolitanos apontou que existem cerca de 400 imigrantes vivendo no município.
A pesquisa, feita com base nos imigrantes que recebem ou receberam algum atendimento da Administração, revelou ainda que embora haitianos e bolivianos sejam as nacionalidades com maior grupo, pessoas vindas de outros 29 países moram na cidade.