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Fiscalização do TCE relata alunos “amontoados” em várias salas de aula na escola da Vila Azenha

Unidade de ensino não recebe kit escolar desde 2020 e estoque de materiais está no final, segundo relatório; sala de informática não tem computadores e estabilidade das traves na quadra esportiva está comprometida

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Poda de árvores realizada pela prefeitura danificou o telhado do almoxarifado da escola

 

Relatório da fiscalização realizada no último dia 28 de abril pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) relata alunos “amontoados” em várias salas de aula da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Paulo Azenha, que fica na Vila Azenha. O problema, de acordo com o órgão, se agravou ainda mais com a instalação das lousas digitais pela Secretaria de Educação, obrigando a unidade a promover um reposicionamento das carteiras. Em outros salas onde não houve o reposicionamento, algumas carteiras ficaram literalmente encostadas às lousas digitais, dificultando seu uso e sua visualização. A reportagem do JNO teve acesso ao documento de 24 páginas, que aponta ainda diversos problemas de ordem estrutural na escola, que também não recebe o kit escolar desde 2020 e está com o estoque de materiais no final.

“As dimensões de algumas salas não são adequadas para a quantidade de alunos que recebe, ocasionando falta de espaçamento entre as carteiras. O problema foi agravado com a instalação das lousas digitais que, devido ao seu tamanho, tiveram que ser instaladas nas laterais das salas, obrigando, em alguns casos, ao reposicionamento das carteiras. Isso fez com que ficassem coladas umas nas outras, isto em plena pandemia”, traz trecho do relatório assinado pelo agente Waldir Paula Batista. Segundo ele, em algumas classes onde houve a retirada do quadro negro após a instalação das lousas digitais, a parede não foi reparada e a direção da escola improvisou uma “cobertura com papel cartaz”. “A retirada do quadro negro das salas trouxe outro problema, uma vez que os pincéis empregados nas lousas digitais são caros e difíceis de serem adquiridos, e quando faltam, as professoras ficam sem opção para expor o conteúdo da aula aos alunos”, completa o agente do TCE.

SEM KIT E SEM LIVRO

Ainda na parte pedagógica, o relatório do Tribunal de Contas apontou que faltam livros para algumas séries e a escola está aguardando o “remanejamento de sobra de outras unidades escolares da cidade”. Ainda sobre os livros, a fiscalização mostrou que as edições do projeto “Palavra Cantada”, por falta de almoxarifado, estão estocadas na sala de informática que, por sua vez, não é usada como tal uma vez que a escola não tem computadores disponíveis para os estudantes. “Apesar de ter distribuído material escolar aos alunos, a escola não recebe kit escolar desde 2020 e seu estoque está no final”, pontuou a fiscalização.

 

Na parte estrutural, relato de corrimão ‘bambo’,

traves sem apoio e encanamentos improvisados

Os problemas na escola da Vila Azenha não se restringem apenas à parte pedagógica. Muito pelo contrário. O relatório de fiscalização produzido pelo TCE aponta risco aos alunos por conta de um corrimão “bambo” que está instalado em uma das rampas de acesso, alambrado interno bastante danificado e provisoriamente remendado, portão danificado pela ferrugem e encanamentos improvisados em banheiros, além da falta de tampas em diversos sanitários.

“Verificamos que o telhado do almoxarifado utilizado para armazenamento de produtos de limpeza e equipamentos utilizados nas aulas de educação física foi bastante danificado e teve a sua porta amassada (não fecha mais) por galhos durante uma poda de árvores realizada no local, o que inviabiliza a sua utilização. O reboque está bastante danificado por toda a escola, há cupins nas paredes e infecta o ar-condicionado. Há vidros quebrados e faltantes, vidraças que não abrem, várias rachaduras nas paredes, infiltrações em tetos e paredes, e um biombo de madeira com a base toda corroída que ameaça desabar em um corredor onde crianças trafegam. Em suma, pouca coisa foi feita desde a última fiscalização ordenada na escola, em 2021”, resumiu o agente do TCE responsável pela fiscalização na unidade de ensino.

Na quadra esportiva, a fiscalização apontou que as traves estão sem todas as bases de apoio para as redes, “o que afeta a sua firmeza e a sua estabilidade”. Na cozinha, a pia tem vazamento e a torneira sai pouca água, dificultando o trabalho das merendeiras.

OUTRO LADO. A reportagem do JNO questionou a Secretaria de Educação sobre os problemas e disponibilizou, via assessoria de imprensa, o relatório sobre as irregularidades apontados pelo TCE na escola, mas não recebeu resposta.