Nova Odessa segue no “epicentro” do escândalo envolvendo o suposto lobby de pastores dentro do Ministério da Educação, que terminou com a queda do ministro Milton Ribeiro. Desta vez, em audiência pública realizada nesta semana pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília, o presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Marcelo Lopes da Ponte, disse ter ouvido “conversas tortas” após o evento “Gabinete Itinerante” realizado em Nova Odessa, isso em agosto de 2021, mas negou influência por parte de Gilmar Santos e Arilton Moura no órgão, que é responsável por transferir dinheiro aos municípios.
Ponte lembrou que, após voltar da viagem a Nova Odessa, levou imediatamente as suspeitas aos gestores, apesar de não ter provas. “Não recebi, não me foi oferecido valores, mas onde há fumaça há fogo e eu achei por bem, falei: ‘Ministro, queria que o senhor tomasse uma providência’, e ele, ainda em agosto do ano passado, mandou esse relato à CGU”, explicou o presidente do FNDE aos deputados federais que integram a Comissão.
Assim como ocorreu no Senado, Ponte foi chamado pelos deputados para dar explicações sobre denúncias de que os pastores Arilton e Gilmar teriam atuado como intermediários junto aos municípios na liberação de recursos do Ministério da Educação, por meio do FNDE, em troca de pagamento de propina. “Quero deixar claro que nunca recebi influência de pastor ou de qualquer pessoa. Nosso trabalho é eminentemente técnico”, garantiu Marcelo da Ponte à Comissão de Educação.
HISTÓRICO. No mês passado, em depoimento aos senadores que compõem a Comissão de Educação do Senado, Vanessa Reis Souza, chefe da assessoria do cerimonial do Ministério da Educação (MEC) na gestão de Milton Ribeiro, afirmou que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura se apresentaram em Brasília (DF) como representantes da Prefeitura de Nova Odessa e que a presença dos dois na mesa de autoridades durante o evento “Gabinete Itinerante”, em agosto do ano passado, foi um pedido feito pela própria Administração Municipal. Ela ainda confirmou ter levado ao conhecimento do então ministro uma denúncia de pedidos indevidos de regalias após o evento em Nova Odessa.