Consimares investe 855 mil/mês só em coleta e destinação de embalagens

O evento foi organizado pela AEAAH (Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Holambra) e aconteceu no Centro de Convenções do Moinho Povos Unidos

O Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos), que engloba as cidades de Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, levou toda a sua experiência de 10 anos em gerenciamento ao 1º Fórum Regional de Resíduos Sólidos, realizado em Holambra, na quarta-feira (3). O evento foi organizado pela AEAAH (Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Holambra) e aconteceu no Centro de Convenções do Moinho Povos Unidos.

“Logística Reversa e a Economia Circular” foi o tema abordado pelo superintendente do Consimares, engenheiro agrônomo, Valdemir (Mimo) Aparecido Ravagnani. Segundo ele, vários setores já implantaram e estão executando sistemas de logística reversa enquanto o de produtos eletroeletrônicos e de medicamentos ainda adiam a responsabilidade. “Para se ter uma ideia, se o sistema funcionasse regularmente, somente o Consimares teria uma economia de mais de 855 mil reais por mês gastos em coleta e destinação de embalagens em geral”, destacou.

Com uma arrecadação total de 22,5 mil toneladas de resíduos urbanos por mês, o consórcio elenca o cumprimento integral da política nacional, a hierarquia na gestão e a responsabilidade compartilhada como os principais desafios atuais. “Não é possível falar de logística reversa e economia circular sem apontar os responsáveis pelos estágios desde a geração de resíduos até a destinação final, sejam eles geradores, distribuidores, comerciantes, consumidores, catadores ou recicladores”, disse.

Para Mimo, é preciso sair da campanha de conscientização para a ação. “As estimativas apontam um crescimento populacional que deve impactar na geração de 90 milhões de toneladas de resíduos por ano. Atualmente, são 78 milhões de toneladas, mas, no Brasil, um entre 11 brasileiros vive sem coleta. Um dado inadmissível”, conta. E a situação piora. De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos de 2017, 60,2% das cidades fazem a destinação incorretamente. “Isso sem contar os mais de 3,3 mil municípios que não dispõem de local adequado e os quase 3 mil lixões a céu aberto, que impactam em um custo ambiental e de saúde por volta dos R$ 30 bilhões até 2021”.

Ainda segundo o superintendente do Consimares, de olho na redução dos custos, as grandes marcas já aderiram à economia circular e lançaram produtos feitos de produtos reciclados e embalagens retornáveis. “Eles já perceberam o tamanho do impacto econômico de permanecerem ‘insustentáveis’. É hora de agir, chega de discurso. Todos precisam fazer sua parte”, destaca Mimo Ravagnani.

Ele, que participou de recente missão de capacitação na Suécia, líder em reciclagem mundial com 99% dos resíduos reciclados, entende que a quebra de cultura é fundamental para sair da inércia. “Com eles, aprendemos que ser o melhor do mundo não é suficiente, é preciso ir além. Os suecos se esforçam para continuar melhorando seu sistema quase que perfeito, enquanto que nós ainda estamos patinando”, concluiu.

FÓRUM. O evento, aberto ao público, recebeu cerca de 150 pessoas para debater a gestão dos resíduos sólidos de residências, indústrias e comércio. Durante o Fórum, a Associação aproveitou para lançar a Cartilha da Reciclagem, que será distribuída aos moradores de Holambra e aos turistas, visando a conscientização quanto ao destino do lixo e orientações sobre a separação dos resíduos. O objetivo foi traçar o perfil dos municípios quanto à gestão de seus resíduos, indicando a regionalização como uma opção para a sustentabilidade.

Ainda no Fórum, o tema “Sustentabilidade no dia a dia” foi apresentado pela jornalista e ambientalista Neuza Árbocz. Na sequência, Luigi Longo, presidente do Instituto Movimento Cidades Inteligentes, falou sobre “Gestão de Resíduos para Cidades Inteligentes”. A sócia e diretora técnica da Terra Saneamento Ambiental, Cilene Novaes Santos, abordou a “Gestão de Resíduos” feita pelo Consórcio Intermunicipal de Saneamento Ambiental (Consab). Também foram convidados para os debates Nilson Marconato, diretor de Agricultura e Meio Ambiente de Holambra, e o chefe da Unidade de Gestão de Inspetorias de Campinas do CREA-SP, Marcelo Paes Maciel.

A parte da tarde foi destinada a oficinas temáticas e ao compartilhamento de ideias, sob a coordenação da ecóloga e mestre em geoprocessamento Silvia Weel, da jornalista e ambientalista Neuza Arbocz, e do diretor-executivo do Instituto Movimento Cidades Inteligentes, Gavroche Fukuma. O evento contou com o apoio de Terrara Meio Ambiente e Paisagismo, de propriedade de Claudia Vaamonde.