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Conceito certo em tempos de pandemia: resiliente

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Ser perseverante e persistente, e ao mesmo tempo flexível, mesmo diante das dificuldades são características de uma pessoa resiliente. Mas afinal de contas, o que significa esse termo? Na física dos materiais, a resiliência é uma propriedade que indica a proporção em que um material é resistente e suscetível de retornar à sua forma original após ser submetido a uma grande pressão. Seria sua capacidade elástica, de retornar ao seu estado original. É lógico que todo material sofre alguma deformação quando é submetido à grandes impactos.
Resiliência, do latim resilire, indica uma capacidade inata de voltar ao estado original. Humanamente, poderíamos aplicar resiliência à capacidade de alguém se adaptar a circunstâncias contrárias e adversas. Um conceito que era somente aplicado à propriedade de materiais, passou a ser utilizado pela psicologia a fim de compreender como os seres humanos reagem em situações de grandes demandas de esforço, dedicação e crises, as quais demandam maior esforço na adaptação e realização de atividades. Nem todos, infelizmente, possuem atributos intrínsecos necessários para reagir positivamente a pressões externas, mas é possível desenvolver fatores emocionais e psicológicos que favoreçam essa característica individualmente.
O primeiro aspecto a se pensar é que nem todas as crises são totalmente ruins. Crises e problemas ocorrem com todos, independentemente de cor, raça, gênero, posição social. Todos passamos por situações de frustração, tristezas, perdas, desafios. Precisamos compreender que esses momentos são inevitáveis para qualquer ser humano e que não somos os primeiros e nem seremos os únicos a ser desafiados a enfrentar momentos difíceis, mas a forma como enfrentamos esses momentos é que nos tornará mais fortes e nos conduzirá ao um crescimento, ou simplesmente perderemos a oportunidade de crescermos e aprendermos lições valiosas. Poderíamos citar Leonardo Boff, “Crises são oportunidades de crescimento”, ou ainda Rubem Alves, “Ostra feliz não faz pérolas”. Precisamos refletir sobre o momento, depurar o que está acontecendo, aceitar o que não temos como mudar e agir naquilo que podemos.
Crises são oportunidades para o crescimento pessoal, para a fé, a transcendentalidade, a inovação, a mudança. Enfrentar o sofrimento é resgatar algo da essência humana, é compreender que a condição humana se faz a partir não somente das alegrias, mas também dos momentos difíceis e desafiadores. Sofrimento e crises não são doenças a serem tratadas simplesmente com medicamentos químicos.
Há sensação de perda, mas é preciso haver também a limpeza da alma, da mente, das emoções. Não é possível ficar preso ao passado, e muito menos olhar apenas para o próprio interior, mas olhar para frente com olhos francos, positivos e perspicazes. O que posso fazer? O que é possível fazer nesse momento. Como agir, como atuar na realidade afeta não somente a si próprio, mas também a todos que estão ao redor e sofrem nossa influência. Por isso é importante primeiro uma reflexão, deixar a sujeita baixar, a água dos pensamentos ficar mais límpida e aí então, atuar com coragem e ousadia, sem medo de errar. E se errar, se reinventar e persistir. Toda crise é uma oportunidade de saltar para algo novo e melhor. Traz sobretudo esperança, mesmo que a princípio não consigamos visualizá-la.
Ser resiliente é enfrentar crises, maiores ou menores diariamente, ao longo da vida, é se vergar diante de uma tempestade ou furacão como o bambu, mas voltar à normalidade assim que possível sem ter, no entanto, perdido suas raízes e seu referencial. Reagir não apenas exteriormente através de palavras e atos vultuosos, mas principalmente, numa mudança interna, produzida através de reflexões sérias, e assim agir de forma prática e eficaz naquilo que é possível, com esperança e perseverança no futuro.
*Sandra Morais Ribeiro dos Santos é professora da Área de Humanidades da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.