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Com ‘falsa estabilidade’, Leitinho libera festas em chácaras

Prefeitura se ampara na Fase de Transição do Plano São Paulo; professor de Medicina da PUC diz que novo crescimento de casos pode ser vivenciado em pouco tempo

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No mesmo dia em que o Observatório PUC-Campinas Covid-19 divulgou que o número de internações por coronavírus na RMC (Região Metropolitana de Campinas) superou a quantidade registrada no pior momento da pandemia em 2020, acendendo um claro sinal de alerta, o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), decidiu revogar o decreto municipal que proibia a locação de chácaras em Nova Odessa para a realização de festas e eventos que gerem aglomerações.

A medida do chefe do Poder Executivo também acontece no momento em que a cidade ultrapassa, em menos de cinco meses, o total de óbitos causados pela Covid no ano passado (75 contra 80). No total, 155 novaodessenses já perderam a vida por complicações causadas pelo novo coronavírus. Já o número de casos positivos se aproxima de 4 mil. Nova Odessa tem hoje dois pacientes internados na ala respiratória do Hospital e Maternidade Municipal, sete na UR (Unidade Respiratória) e 29 em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de hospitais de outras cidades da região e do Estado.

O decreto revogando a proibição de locar chácaras para festas e o último boletim do Observatório PUC-Campinas foram publicados na segunda-feira, dia 17. Questionada pela reportagem do Jornal de Nova Odessa, a Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura disse que quando o decreto 4390/2021 foi publicado, o município se encontrava na fase emergencial do Plano São Paulo. “Naquele período, as atividades realizadas em chácaras e assemelhados estavam totalmente vedadas. Com a passagem para a fase de transição do Plano São Paulo, tais atividades passaram a ser possíveis de serem retomadas, com limite máximo de 30% da capacidade e observância de todos os protocolos sanitários”, traz anota assinada pelo secretário de Assuntos Jurídicos, Fábio Sória.

Segundo a Vigilância Sanitária, todas as denúncias atendidas não se comprovaram, por isso não houve autuações durante o período de vigência do decreto. “Eram, geralmente, famílias confraternizando entre si, mas com som alto”, finaliza a prefeitura. A nota, no entanto, não informa a quantidade de denúncias recebidas neste período, nem se alguma providência foi adotada em relação ao som alto nas citadas festas familiares.

NÃO É A HORA

Segundo análise do infectologista André Giglio Bueno, publicada em nota do Observatório PUC-Campinas, os dados demonstram que a RMC vivencia um período de estabilidade “em patamares elevados”. Em outras palavras, nem mesmo a redução de novos casos tem sido capaz de aliviar o sistema de saúde, que continua sobrecarregado. A taxa de ocupação de leitos do SUS segue com percentual superior a 90%.

O médico acrescenta que os padrões verificados em abril, os quais motivaram o Governo de São Paulo a adotar medidas menos restritivas da quarentena, já foram modificados. Com o aumento das flexibilizações, permitindo o funcionamento de estabelecimentos em horários estendidos, a desaceleração de internações foi revertida para uma estabilização em patamares elevados.

“Tendo em vista tal cenário, associado à baixa cobertura vacinal, à baixa adesão da população e à postura persistente do governo federal, que segue espalhando mensagens equivocadas sobre a situação da pandemia, torna-se real a possibilidade de regredirmos no combate à transmissão da doença. Em pouco tempo, poderemos vivenciar um novo crescimento dos casos”, esclarece o professor de Medicina da PUC-Campinas.