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Cemitério “não é loja de perfume”, afirma comissionado de Leitinho

Moradores de Nova Odessa relataram abandono do Cemitério Municipal; em debate na Câmara, gestor disse que cemitério ‘não é loja de perfumes’

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Uma aposentada de 75 anos, moradora de Nova Odessa, relatou à reportagem o que chamou de “abandono” do Cemitério Municipal. Ela esteve no local por ocasião do Dia das Mães e contou, chorando, que o local carece de cuidado. “A sensação que tenho é que deixei meus entes queridos em um lixão. Meu pai, minha mãe, meu marido e meu filho estão sepultados lá e domingo eu quase não consegui chegar na sepultura deles. O cheiro era insuportável, aqueles túmulos construídos no corredor, com chorume vazando… é triste demais, é descaso demais”, afirmou.

Em debate realizado na Câmara ontem, o responsável pelo cemitério, funcionário comissionado, Wilson Francisco Ribeiro afirmou que o Cemitério de Nova Odessa poderia, inclusive, “ser tema de um documentário sobre modernismo”.

O debate foi proposto pelo vereador Sílvio Natal, o Cabo Natal.

O vereador Wagner Morais afirmou que também recebeu relato de uma moradora da cidade, de 73 anos, que apontou: “Ontem (domingo) fui ao cemitério com minha mãe e vi uma situação bem estranha lá. Tinha novos túmulos (carneiras) com odor muito forte de carne em estado de decomposição. Inclusive com moscas varejeiras. Acho que tem alguma coisa errada. Nunca havia presenciado uma situação assim”. O vereador leu a mensagem durante a sessão.

Ribeiro afirmou que as duas senhoras citadas por Morais “faltaram com a verdade”. Em seguida, o mesmo comissionado afirmou que o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, esteve no cemitério domingo de manhã e também relatou mau cheiro. “Mas é normal o corpo humano emitir odor até 15 dias depois do sepultamento”, afirmou o responsável pelo cemitério, que, pressionado pelos vereadores para apontar uma solução para os problemas ainda afirmou que aquele local “não é loja de perfumes”.

Para o comissionado escolhido por Leitinho para cuidar do cemitério, a solução para o problema do mau cheiro que exala das novas sepulturas verticais é “aprovar uma lei que obrigue as funerárias” a usar um novo tipo de material nas urnas funerárias que evitaria o vazamento de chorume.

O secretário de Governo, Robson Fontes Paulo, confirmou que a administração determinou a suspensão da construção desse tipo de sepultura vertical. Afirmou ainda que não é possível realizar novos sepultamentos subterrâneos porque o lençol freático está próximo à superfície na área livre no cemitério e poderia haver contaminação da água.

A secretária adjunta de Meio Ambiente, Daina Gutmanis, confirmou que a capacidade do atual cemitério é uma preocupação e afirmou que foi contratada uma empresa para fazer uma sondagem de solo na área do cemitério e que o relatório deve ser entregue até o final do mês.

Ribeiro afirmou ainda que a equipe de servidores públicos designada para cuidar do cemitério é “insignificante diante do tamanho do cemitério”. Hoje, segundo ele, são seis funcionários públicos, sendo quatro coveiros e dois braçais. Há um concurso em andamento, com previsão de uma vaga de coveiro. O próprio Ribeiro afirmou que prestará o concurso e tem o desejo de assumir a vaga.