Carol Moura quebra o silêncio e fala sobre o caso ocorrido na loja Zara, em Campinas

Vereadora explicou à comissão na Câmara sobre o quê considera um “grande mal entendido”

Após quase um ano, a vereadora Carol Moura resolveu ‘quebrar o silêncio’ e falar a respeito do caso ocorrido em 17 de fevereiro do ano passado na loja Zara, no Shopping Dom Pedro, em Campinas. A parlamentar foi ouvida nesta sexta-feira (dia 7) durante os trabalhos da Comissão Processante aberta na Câmara de Nova Odessa para apurar a possível quebra de decoro devido ao processo criminal que foi suspenso pela Justiça com a devolução da fiança paga. O caso é classificado por ela como “um grande mal entendido”.

Carol explica que na época passava por um momento pessoal ruim e, no dia 17 de fevereiro, resolveu ir ao shopping campineiro para ‘descontrair’, tendo em vista que exatamente um ano antes teve uma briga com o ex-marido e o caso foi parar na Delegacia, resultando inclusive em um traumático divórcio. Ela frisa que, devido aos transtornos conjugais, fazia uso de medicamentos de uso controlado.

Na loja, Carol experimentou roupas, mas enquanto estava no provador ouviu um áudio incompreensível. “A hora que saí, vi a loja toda apagada e a porta da loja se fechando. Então saí correndo e atravessei a porta, quando tocou o alarme”, descreve. A vereadora, na época licenciada e exercendo o cargo de secretária de Desenvolvimento Econômico, pensou que a loja fecharia às 22h, e não às 20h.

Carol então permaneceu parada na frente da loja, sem entender bem a situação, quando foi abordada por uma vendedora. Em seguida entrou novamente na loja, ocasião em que o alarme de novo apitou. “A moça tinha entendido a situação, mas algumas pessoas no fundo não viram de perto e começaram a gritar, pra fechar a porta e chamar a polícia. Acabei me assustando”, acrescenta.

Diante da confusão instalada, Carol foi correndo em direção ao segurança da loja, pedindo ‘ajuda’. Na sequência, acabou levada para uma sala especial e foi indagada se queria ficar com as roupas. “Eu não tinha todo o dinheiro na carteira. A gerente sugeriu ir até o caixa eletrônico próximo para sacar a diferença. Então junto com uma pessoa da loja, seguranças e polícia, saquei dinheiro e paguei”, diz.

No entanto, policiais militares tinham sido acionados quando a confusão se iniciou e chegaram nesse meio tempo. Levada até a Delegacia mais próxima, Carol acabou passando por uma audiência de custódia, pois o delegado plantonista não estava no Distrito Policial. “Em momento nenhum me apresentei como vereadora, nem constituí advogado durante o registro da ocorrência”, reforça.

“Foi um imbróglio que acabei me envolvendo. Não havia nada que me incriminasse, nem motivos pra prisão”, resume Carol Moura. Ela cita que os lacres não foram rompidos e a loja nem quis levar o caso adiante, com uso de imagens. E como o julgamento poderia demorar anos, por ser uma ação de pequeno potencial, ela optou pelo acordo de ‘suspensão condicional do processo’, por dois anos.

Durante o período, a vereadora cumprirá medidas acordadas com a Justiça e, em meados de 2021, a punibilidade do processo será extinta. “Não há e não haverá sentença nem condenação. Fiz questão de trazer para depor (na Comissão Processante) policiais militares que atenderam à ocorrência”, cita. “Para mostrar os testemunhos às pessoas e não ficar apenas nas minhas palavras. Assim posso ser inocentada na esfera administrativa, não somente na criminal”, frisa.

A vereadora esclarece que não se manifestou anteriormente sobre o caso devido à condição de segredo judicial. “Não me pronunciei antes porque o processo estava sob sigilo de justiça”, confirma Carol. “Os direitos políticos dela continuam mantidos”, frisa o advogado Antônio Duarte Junior. “Ela pode ser candidata à prefeita, à presidente do Brasil e não ser vereadora de Nova Odessa?”, indaga.

A Comissão Processante foi aberta no dia 9 de dezembro do ano passado, para averiguar a denúncia protocolada pelos cidadãos Antônio Marco Pigato e Lucas Camargo Donato, com base no Decreto-Lei 201/67. A vereadora requereu a convocação de dez pessoas para testemunho em seu favor no processo; sete das oitivas ocorreram na semana passada e três, inclusive a dela, nesta sexta-feira.

Três vereadores formam a comissão, sorteados conforme a proporção das bancadas partidárias e dos blocos parlamentares constituídos: Elvis Ricardo Maurício Garcia, o Pelé (presidente), Carla Lucena (relatora) e Cláudio José Schooder, o Leitinho (membro). O prazo é de 90 dias para a realização dos trabalhos e apresentar um relatório conclusivo, que será lido e votado em plenário.