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Mães de crianças com TEA se revoltam com falta de terapia ABA e vão à polícia em NO

Famílias afirmam que ausência da terapia traz impacto negativo ao desenvolvimento das crianças com TEA, e registram boletim de ocorrência contra a Prefeitura de Nova Odessa por falta de atendimento especializado

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Paulo Medina
redacao@jno.com.br

Nova Odessa está vivenciando uma onda de revolta entre mães de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Isso porque as reclamações são centradas na falta de acesso à terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), uma das principais intervenções recomendadas para autistas, apesar do contrato firmado pela Prefeitura de Nova Odessa com o Cismetro, que é o consórcio regional de saúde, para fornecer serviços especializados como esse. As mães foram à Polícia Civil e registraram boletim de ocorrência contra a Prefeitura de Nova Odessa.
De acordo com as mães, a Prefeitura assinou um contrato com o consórcio intermunicipal de saúde que seria para a contratação de terapias ABA destinadas às crianças autistas da cidade. No entanto, os filhos vão para o Centro de Referência do Autismo, que não oferece a terapia ABA. As mães argumentam que o local recebe repasses da Prefeitura para atender cerca de 50 crianças, mas não disponibiliza essa terapia especializada. Os filhos delas, porém, foram encaminhados mediante laudo médico para serem tratados justamente com a terapia ABA.
“Registro minha indignação com a falta de tratamento adequado para o meu filho autista aqui em Nova Odessa. É triste ver que o direito à saúde do meu filho está sendo menosprezado aqui, é triste ver que meu filho precisa da terapia ABA e nosso município não fornece esse tipo de tratamento (…) sempre que contatei a Prefeitura, em dez meses, não tive nenhum retorno e ninguém nunca dez nada, enquanto isso meu filho sofre”, lamentou Lohuma Abreu dos Santos.
“Venho pedindo uma resposta pela terapia ABA, nós mães saímos de casa para levar nosso filho para uma terapia, chegamos no local e vemos que não estão recebendo a terapia (adequada), a culpa é de quem contratou esse serviço (que não é especializado e completo). Faz 11 meses que peço uma solução, sou uma mãe que quero ver meu filho funcional, que vou ter o direito de morrer e saber que meu filho não vai ficar jogado”, declarou Tatiana Aparecida Firmino Batista.
A situação se agrava com a falta de transparência por parte da administração municipal. Uma das mães relatou que, ao protocolar um pedido para ver o contrato firmado com o Cismetro, teve sua solicitação negada.
“Protocolei na Prefeitura um pedido para ver esse contrato e foi negado”, explicou a mãe, demonstrando sua frustração. Para as mães, a ausência da terapia ABA tem um impacto significativo no desenvolvimento das crianças com TEA. Essa terapia é amplamente reconhecida por sua eficácia em melhorar habilidades sociais, comunicação e comportamento das crianças autistas. “Sem esse tratamento, muitas crianças em Nova Odessa estão sendo privadas de uma intervenção essencial para o seu desenvolvimento”, afirmam as mães. “É desesperador ver nossos filhos regredirem ou não progredirem como poderiam por falta de um tratamento adequado”, dizem.
Até o momento, a falta de respostas da Secretaria de Saúde tem sido criticada pelas famílias afetadas. Apesar das reclamações e pedidos de esclarecimento, o impasse continua.
A fim de buscar o melhor tratamento para seus filhos, as mães se reuniram nesta semana com os vereadores Wagner Morais e Levi da Farmácia, e expuseram a situação, que será alvo de questionamentos no Legislativo.
Questionada, a Prefeitura não se pronunciou.