Paulo Medina
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Natalia Brito Martins, mãe da bebê Esther Pereira da Silva Brito, de apenas 10 meses, que morreu por possível negligência médica no Hospital Municipal de Nova Odessa em maio, declarou apoio à investigação aberta nesta segunda-feira (16) pela Câmara Municipal de Nova Odessa para apurar detalhadamente o atendimento ao bebê.
“Acho que eles têm mais que investigar mesmo, teve negligência médica, o médico mandou eu vir embora para a minha casa porque a minha filha ‘não tinha nada’, a minha filha só deu o tempo dela ir para o estadual”, declarou Natalia.
A abertura da CEI veio após denúncias da família de Esther, que reforça que houve negligência médica durante o atendimento da criança.
A mãe relatou que foi insistente para que sua filha recebesse um diagnóstico adequado. “Eu falei que eu não ia sair de lá do hospital enquanto a minha filha não passasse com outro médico, aí passou com a outra médica e a médica já fez o raio-x e falou que ela teria que ir para a UTI. Lógico que teve negligência médica”, afirmou a mãe.
A CEI foi proposta e aberta pelos vereadores Elvis Pelé (PL), Wagner Morais (Republicanos), Levi da Farmácia (Podemos) e Paulinho Bichof (Podemos). A instauração da apuração só foi possível agora devido ao regimento interno da Câmara, que limita a tramitação de apenas uma CEI por vez. Em maio, quando a CEI foi inicialmente proposta, já estava em andamento uma investigação sobre supostas irregularidades nos repasses da Prefeitura de Nova Odessa ao Cismetro, o consórcio regional de saúde.
Os vereadores Tiãozinho do Klavin (PL), Professor Antonio (PSB) e Márcia Rebesquini (União Brasil), que não assinaram a abertura da CEI desde maio, comporão a comissão que terá 90 dias para apurar todas as circunstâncias do atendimento prestado a Esther e responsabilizar eventuais culpados.
A mãe de Esther, além de apoiar a abertura da CEI, critica a falta de apoio emocional e social após a morte da filha. “Tem que investigar mesmo porque a Esther já foi, mas e as outras crianças? Agradeço por me informar da CEI, ninguém (da Prefeitura) vem atrás de mim para nada, para passar em um psicólogo de graça, ninguém vem atrás de nada para ajudar com nada, vem aqui na minha casa prestar uma solidariedade, Prefeitura, para mim, para o meu esposo, ninguém fez nada”, desabafou Natalia.
A morte de Esther colocou em xeque a qualidade do atendimento no Hospital Municipal de Nova Odessa. Inicialmente, Esther foi levada ao hospital com suspeita de dengue, mas acabou diagnosticada com pneumonia, insuficiência respiratória e derrame pleural. A família alega que o atendimento na unidade foi insuficiente e não compatível com a gravidade do quadro clínico da criança, que apresentava inchaço na cabeça. A situação se agravou rapidamente, levando à transferência de Esther para o Hospital Estadual de Sumaré, onde ela não resistiu e veio a falecer.
Até o momento, a Secretaria de Saúde de Nova Odessa não se pronunciou sobre a abertura da CEI.