O vereador Sílvio Natal, o Cabo Natal, protocolou representação junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo denunciando o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, pelas práticas de crimes de responsabilidade e improbidade administrativa pelo direcionamento na contratação de sua “namorada”, proprietária de uma empresa de assessoria política em Brasília. Natal afirma que o prefeito contratou a empresa – sem processo de licitação ou concorrência – para “prestar serviços de lobby em Brasília, cuja atividade, além de não ser regulamentada no Brasil, é rechaçada há muito tempo pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo”, que também recebeu a mesma denúncia.
Essa é a segunda denúncia encaminhada ao Ministério Público só nesta semana envolvendo o caso. Na terça-feira, um morador do Jardim São Manoel também representou contra Leitinho junto à Promotoria de Justiça. José Cosmo Rocha de Souza acusa o prefeito de peculato (desvio de dinheiro) por conta dos pagamentos feitos à empresa de Erica Alves Roriz.
Em resposta a requerimento protocolado pelo vereador na Câmara de Nova Odessa, a prefeitura confirmou a contratação e o pagamento de R$ 16 mil, em oito parcelas de R$ 2 mil. O parlamentar ainda solicitou a comprovação da prestação dos serviços, o que segundo ele, na resposta se “resumiu a precários relatórios sem qualquer indício de veracidade”.
O caso ganhou repercussão depois que a proprietária da empresa e então “namorada” do prefeito conseguiu uma decisão que lhe garantiu medida protetiva contra Leitinho, a quem ela acusou de violência sexual.
Em reportagens publicadas em páginas de notícias de notícias nas redes sociais – que Natal afirma serem comandadas por comissionados – o prefeito teria informado que o relacionamento começou em outubro de 2021.
“Em outubro alega que conheceu (a empresária) e em dezembro contratou sem licitação para prestação dos serviços de lobby, sendo que em janeiro começaram a ser efetuados os pagamentos, que se deram ao longo de oito meses”, afirma Natal na representação.
O valor pago mensalmente pela prefeitura é o mesmo que o prefeito declarou ter pago a título de pensão por uma suposta gravidez que nunca se concretizou.
Natal ressalta na representação que a “estranheza e coincidência” dos fatos chama atenção.
Sobre a contratação da empresa, sem licitação, na modalidade de compra direta e sem documentos que comprovem o notório saber característico dos casos de inexegibilidade, Natal afirma que “o ato administrativo decorrente da contratação da namorada ou affair do prefeito manda às favas a moralidade administrativa, para o dizer o menos”.
Na representação o vereador solicita que a contratação e os possíveis crimes de responsabilidade e improbidade administrativa decorrentes dela sejam averiguados pelo promotor local ou encaminhados para investigação à Procuradoria Geral do Estado de São Paulo.
Prefeito muda versão e agora diz que namoro só começou em 2022
Nesta sexta-feira, o prefeito Leitinho mudou a sua versão em relação a entrevistas concedidas a imprensa regional quando a acusação de estupro veio à tona e afirma agora que o seu relacionamento amoroso com a empresária Érica Alvez Roriz só começou “no final de janeiro de 2022”. Nas entrevistas anteriormente concedidas, Leitinho disse que começou a se relacionar com a mulher em outubro de 2021. Em seu depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Érica também afirma que se relacionou com o prefeito de Nova Odessa por alguns meses e que o namoro terminou em janeiro do ano passado, depois do suposto estupro, e não começou naquele mês, como agora afirma o prefeito.
A nova data para o início do namoro do prefeito e da empresária foi divulgada em nota encaminhada à imprensa pela Diretoria de Comunicação da prefeitura. “O Prefeito Cláudio Schooder esclarece que sua relação íntima com a senhora Erika Alvez Roriz teve início apenas no final de janeiro de 2022, enquanto a contratação dos serviços de consultoria da Pessoa Jurídica Érika Alves Roriz Ltda pela Prefeitura de Nova Odessa teve início meses antes, em outubro de 2021”, traz a nota.
O JNO questionou, então, a assessoria de imprensa da prefeitura sobre a mudança de datas em relação às entrevistas concedidas por Leitinho a diversos veículos de comunicação e encaminhou algumas delas ao departamento responsável pela comunicação oficial do Poder Executivo. Em resposta, a assessoria disse que “não nos importa o que outros jornais disseram” e que iriam “solicitar essa correção” aos veículos de comunicação usados como exemplo pelo JNO. A reportagem, então, perguntou por que essa correção não foi solicitada à época da publicação das matérias, mas a assessoria de imprensa da prefeitura se calou sobre isso.
NOTA
Ainda na nota, a Prefeitura alega que contou com os serviços de consultaria parlamentar da empresa em Brasília e São Paulo ao longo de oito meses, totalizando um pagamento de R$ 16 mil. “O Prefeito Cláudio Schooder esclarece ainda que, uma vez levado a crer que esta pessoa se encontrava grávida de um filho seu, passou a realizar depósitos bancários na conta pessoal de Érika a título de pensão gravídica, para auxiliar nos custos da suposta gravidez (o já relatado “golpe da barriga”). Neste caso, os valores variaram de R$ 500,00 a R$ 2.000,00 e começaram a abril de 2022, somando R$ 12.050,00. Pelo exposto acima, e amplamente documentado tanto no Portal da Transparência do Município (no caso do serviço de consultoria) quanto nos processos judiciais (no caso do “golpe da barriga”), não houve qualquer pagamento por parte da Prefeitura à pessoa física de Érika”, traz o documento.