A Prefeitura de Nova Odessa celebrou na última sexta-feira (5) o primeiro ano de funcionamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal Dr. Acílio Carreon Garcia, com publicações que destacam os números de atendimento e falas do prefeito Cláudio Schooder, o Leitinho (PSD), exaltando o “compromisso da gestão” com a saúde. Mas, no texto oficial, um detalhe fundamental foi completamente ignorado: o projeto que possibilitou a instalação da UTI teve início ainda em 2022, sob liderança do então secretário-adjunto de Obras, Renan Cogo.
Foi em 2022 que Cogo coordenou os primeiros passos técnicos para viabilizar a nova ala hospitalar, com obras de sondagem do solo e relocação de redes essenciais — como gás hospitalar, energia e hidráulica —, fundamentais para a implantação da UTI. O projeto foi planejado e articulado tecnicamente naquele período, mesmo que a inauguração oficial tenha ocorrido apenas em março de 2024, no final do primeiro mandato de Leitinho.
A publicação recente da Prefeitura, no entanto, omite completamente a origem do projeto, dando a entender que a obra foi uma construção exclusiva da gestão atual — o que não corresponde à realidade. “Estamos garantindo atendimento humanizado, ágil e próximo da população”, disse o prefeito na postagem oficial, sem citar a equipe técnica ou os gestores que deram início à obra dois anos antes da inauguração.
O que se pode afirmar com segurança é que não é a primeira vez que o prefeito Leitinho tenta reescrever a história para se beneficiar politicamente. Já virou prática da gestão celebrar obras prontas ou em funcionamento como se fossem criações recentes, omitindo nomes e esforços de servidores e ex-secretários que, de fato, estruturaram os projetos.
O caso da UTI escancara essa estratégia: uma obra iniciada em 2022, entregue em 2024, mas apresentada em 2025 como símbolo exclusivo da “eficiência” da atual gestão. Com as eleições municipais de 2028 no radar político, o movimento soa como tentativa de fortalecimento de imagem — tanto de Leitinho quanto de seu futuro sucessor.
A população de Nova Odessa tem todo o direito de comemorar o funcionamento da UTI e os avanços na área da saúde. Mas também tem o direito de saber quem, de fato, trabalhou para que isso fosse possível. Resgatar a memória técnica e administrativa não é questão de vaidade — é questão de justiça com o serviço público.