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Justiça aponta ilegalidade em loteamento aprovado por Leitinho e escancara negligência da Prefeitura de Nova Odessa

Juiz reconhece que loteamento Jardim Flamboyant foi aprovado com base em decretos ilegais durante a gestão Leitinho, que pode ter causado um dos maiores prejuízos jurídicos da história de Nova Odessa.

Uma decisão judicial proferida nesta semana pela 1ª Vara Judicial de Nova Odessa expôs de forma contundente a conduta ilegal da administração do prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), na aprovação do loteamento Jardim Flamboyant. Segundo a sentença, o empreendimento foi autorizado com base em uma série de decretos irregulares e manobras administrativas que violaram leis municipais, princípios jurídicos e uma decisão judicial que já havia declarado inconstitucional o zoneamento usado no processo.

As ações populares foram movidas pelo ex-vereador Silvio Natal, ainda no início da tramitação do projeto, quando o terreno era apenas uma área de pasto. O Judiciário deu razão ao parlamentar em três processos distintos, reconhecendo que a aprovação do loteamento foi feita “ao arrepio do ordenamento jurídico”.

Mesmo diante de decisões liminares que impediam a continuidade do empreendimento, a empresa loteadora ignorou a Justiça e deu andamento à obra. A Prefeitura, por sua vez, foi omissa na fiscalização. O resultado é um cenário preocupante: os imóveis já foram construídos e muitos estão ocupados, mas, segundo a sentença, existe risco de demolição e a possibilidade de que as famílias afetadas precisem ser indenizadas com recursos públicos.

O juiz responsável pelo caso foi claro ao afirmar que o argumento da “consolidação” do empreendimento não serve para legitimar atos administrativos ilegais. A Justiça destacou que, em questões ambientais e urbanísticas, não se aplica a ideia de fato consumado — ou seja, mesmo que o loteamento esteja pronto, se foi aprovado de forma irregular, a situação não se convalida.

A decisão também responsabiliza diretamente a gestão atual pelo ocorrido. Ao contrário do que o prefeito costuma alegar publicamente, culpando gestões anteriores por problemas herdados, o Jardim Flamboyant foi planejado, aprovado e executado em seu próprio mandato, iniciado em 2021. A Justiça classificou a atuação da Prefeitura como uma sucessão de “manobras jurídicas” para tentar legitimar um projeto que violava normas vigentes e contrariava expressamente uma decisão judicial.

Mais do que um caso isolado, a situação pode ter efeito cascata. Outros loteamentos aprovados durante a gestão Leitinho — como Jardim Brasil I e II, Figueiras I e II, Terras de São José e Jardim Atlanta — também são alvo de questionamentos judiciais e seguem o mesmo modelo de autorização baseado em zoneamento considerado inconstitucional.

A decisão da Justiça é um duro golpe na gestão municipal e levanta questionamentos sobre a condução da política urbana de Nova Odessa. Em vez de seguir o que determina a legislação e os órgãos de controle, a atual administração parece ter optado por caminhos irregulares para atender interesses imobiliários — agora, com potencial de causar um prejuízo milionário ao município e à população.