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As memoráveis trapalhadas dominicais

A Globo acertou em exibir novos episódios de “Os Trapalhões” e já pensa na segunda temporada

Didico ( Lucas Veloso ), Dedeco ( Bruno Gissoni ), Mussa ( Mumuzinho ) e Zaca ( Gui Santana )

Há anos atrás, domingo não era domingo se não se assistisse pelo menos um pouquinho de Silvio Santos durante o dia e “Os Trapalhões” no começo de noite. Assim foram muitos domingos de quem viveu a evolução da televisão nesses últimos 40 anos. Claro, não podemos nos esquecer da “Zebrinha” do “Fantástico” que dava o resultado da loteria esportiva e também era marca do final da noite do domingo. Tempos bons que não voltam, ou será que voltam?
A “Zebrinha” do “Show da Vida” já se aposentou faz tempo, mas Silvio Santos ainda reina aos domingos com seu programa, mesmo que apenas à noite, bem diferente de sua época de ouro, quando entrava no ar às 11 horas da manhã e ia até às 10 da noite, num folego e espontaneidade de darem inveja a qualquer apresentador contemporâneo.
Mas agora “Os Trapalhões” ressurgiram das cinzas e começam a conquistar as novas gerações e as antigas também, que assistiam as trapalhadas do quarteto composto pelos personagens Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Aliás, Zacarias foi o primeiro desfalque da trupe, o comediante faleceu em 1990 e quatro anos depois, foi a vez de Mussum deixar mais triste o cenário artístico, com sua morte, um verdadeiro baque para os fãs do humorístico.
Neste ano, “Os Trapalhões” estão completando 40 anos e voltaram com quatro novos integrantes: Didico (Lucas Veloso), Dedeco (Bruno Gissoni), Mussa (Mumuzinho) e Zaca (Gui Santana). O quarteto continua a “levar a vida na flauta”, mas desta vez conta com dois professores na arte da trapalhada: Didi (Renato Aragão) e Dedé (Dedé Santana), que retornaram ao ar como mestres dessa trupe, para ensiná-los a arte de ser um verdadeiro trapalhão.
Vale lembrar que a nova versão de “Os Trapalhões” estreou primeiro na TV paga, no Canal Viva e na TV aberta, no último dia 17, na tela da Globo. Todos os episódios também podem ser conferidos no Globo Play. O sexteto está revivendo uma história que conquistou o coração dos brasileiros, num resgate do humor malandro e ingênuo que mudou o lugar do riso na televisão brasileira.
“Nessa vida, ninguém está só ensinando, a gente está sempre aprendendo. Durante as gravações a gente brincou e se divertiu o tempo todo, uns com os outros. Aqui não existe mestre e nem aprendiz, existe uma nova turma”, falou Renato Aragão, o eterno “trapalhão” Didi, sobre a convivência com os novos integrantes de “Os Trapalhões”. Dedé Santana, parceiro de Didi Mocó, também se emocionou. “Confesso que fiquei nervoso quando soube que ia voltar, mas quando comecei a conviver com eles, foi tudo muito bom”, revela Dedé.
Já a nova geração de “Os Trapalhões” também não cabe em si de contentamento e emoção. “No começo fiquei nervoso, porque não é todo mundo que grava com Didi e Dedé. Eu sou filho de comediante, tenho tudo deles. O Renato é um doce, ensinou a gente a ser um trapalhão. O Didico não é o Didi e nem sou eu. Ele foi criado como um discípulo do Didi. Sei o tamanho da responsabilidade, mas quando a gente curte, esquece um pouco e se diverte com o trabalho. Estou fazendo com o coração”, falou Lucas Veloso, sobre seu personagem. “A emoção é grande. É um clássico brasileiro. Sou fã e não digo isso porque estou aqui. Eu assistia mesmo e estar ao lado desses ídolos é uma responsabilidade enorme. Dedé me deu muitas dicas e espero homenageá-lo. Foi uma experiência linda e tinha ataques de riso todos os dias”, admitiu Bruno Gissoni, que dá vida ao Dedeco.
Intérprete do Mussa, Mumuzinho se emociona ao falar de seu personagem: “Passei a infância assistindo ‘Os Trapalhões’. Quando eu era pequeno, brincavam que eu era o filho do Mussum, por causa do meu jeito de falar. Quando recebi o convite para participar do programa, o que eu mais queria era homenagear esse grande humorista. Não temos pretensão de nada. Só queremos honrar o que eles fizeram lá atrás e nos divertir”. “Bebi da fonte rica que era o Zacarias e tenho facilidade de fazer vozes e gestuais, mas tivemos liberdade dos autores. Durante as gravações, percebi que ser trapalhão é mais do que isso, é ser puro, simples e espontâneo. Cada vez que coloco a peruca, é uma emoção diferente” concluiu Gui Santana, que na nova versão interpreta o Zaca.
Inconcebível nos tempos atuais, as cenas de cunho sexual e exaltação de um corpo feminino estereotipado, o programa fazia piada com gays e negros, mas tudo isso foi abolido na nova versão que o público está acompanhando. Em uma entrevista, Renato Aragão revelou que na época “Os Trapalhões” não tinham a intenção de ofender ninguém, pois era um humor circense e ingênuo, mas concorda que se os episódios antigos fossem reexibidos, seria alvo de várias críticas.
“Buscamos manter a essência do grupo. Mas tivemos a oportunidade de colocar elementos da atualidade, como GPS e videogames nas piadas. Mas o espírito das situações remete à alegria de sempre” afirma Péricles Barros, responsável pela redação final da atração. “A volta dos ‘Trapalhões’ está baseada em dois pilares: é uma grande homenagem para quem quer matar a saudade e uma divertida novidade para quem nunca viu”, define Mauro Wilson, que assina a supervisão de texto.
Para esta primeira temporada foram gravados nove episódios, mas como “Os Trapalhões” estão fazendo bonito na guerra da audiência, com certeza vem mais novidades para 2018.