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A premiada série “Carcereiros” finalmente estreia na tela da Globo

Disponível na Globoplay desde o ano passado a atração ganhou o Prêmio do Júri do Mip Drama, em Cannes

Na série “Carcereiros”, Rodrigo Lombardi e Mariana Nunes são o casal Adriano e Janaína. Eles sentem na pele as consequências do dia a dia tenso que o carcereiro tem no presídio Vila Rosário / Ramón Vasconcelos-RG

Finalmente chega à televisão aberta a premiada série “Carcereiros”; a estreia será no dia 26 de abril, na tela da Globo. Nas histórias da ficção em que o sistema prisional entra como pano de fundo, dois personagens têm muita relevância: o preso e o policial. Séries, filmes e livros levam em consideração esses dois extremos, essas duas figuras que estão muito próximas, mas que estão em lados opostos na balança. Um aspecto fundamental desta série, especificamente, é também o seu grande diferencial. Ela fala sobre a vida daqueles que estão, dia após dia, vivendo entre os presos e os policiais, tendo de administrar os dois lados e promover uma convivência mínima entre eles. É com o olhar do carcereiro que vamos entrar neste universo por uma nova perspectiva.

Depois de ter escrito “Estação Carandiru”, Drauzio Varella se debruçou sobre a vida daqueles que foram seus companheiros por muitos anos e que trabalhavam constantemente sob pressão, em condições precárias. Um universo desconhecido do grande público é, então, apresentado pelo médico, em “Carcereiros” com detalhes de um ofício que exige jogo de cintura e frieza.

Inspirados pela obra, os autores buscam, com isso, ampliar o horizonte do espectador. “Queremos propor a ele identificar-se com um profissional numa situação diária de alto risco, mas que precisa voltar todos os dias para casa, para a família. O estresse e a barbárie transbordam para o lar? Que tipo de pai, de filho, de marido um agente penitenciário consegue ser?”, questiona Denisson Ramalho, um dos autores da série. Ao se depararem com o livro de Drauzio Varella, Fernando Bonassi e Marçal Aquino conseguiram “abordar a rotina desse tipo de profissional dentro da prisão e as implicações que a atividade tem em sua vida fora da cadeia”, explica a dupla.

A Vila Rosário, pelo nome, poderia ser um bairro de interior, daqueles que levam a delicadeza de sua denominação ao cotidiano de seus corredores. Poderia, mas não é. Vila Rosário é a penitenciária onde trabalha Adriano Araújo (Rodrigo Lombardi), um homem que não cometeu nenhum crime, mas que vive ali dentro a maior parte de seu tempo, sem saber se terá um novo dia para contar sua história. Esse é o cenário de “Carcereiros”, série vencedora do Grande Prêmio do Júri do Mip Drama, em Cannes, no ano passado, e que finalmente chega à tela da Globo, depois de quase um ano de sua estreia na Globoplay.
Livremente inspirada na obra de Drauzio Varella, a obra ganha três episódios inéditos para a versão da TV, além dos doze já disponíveis no Globoplay. “O carcereiro é um personagem muito pouco representado nas histórias de cadeia. A gente fala dos prisioneiros, mas não dos homens que tomam conta deles”, explica Drauzio. Carcereiro, assim como o pai, Adriano leva uma vida sob constante tensão. Lá dentro, Adriano é o “Seu Adriano”, homem respeitado por sua integridade e, acima de tudo, por sua palavra, um bem tão precioso neste ambiente. No “papo reto” com o “ladrão”, ele precisa ganhar a confiança da cadeia e vencer os desafios que a corrupção impõe para quem lida com esse tipo de trabalho, tantas vezes escondido entre as histórias dos presos e da polícia.

“A série joga luz sobre o sistema prisional brasileiro e em como essa pessoa que não é vista pela sociedade lida no dia a dia com dilemas éticos”, explica José Eduardo Belmonte, diretor-geral da atração. Rodrigo Lombardi completa: “Estamos aqui para olhar para aquilo que não queremos olhar. A função do cidadão é poder entender o que se passa aqui dentro. A gente não está aqui para glamurizar, mas sim mostrar como é a realidade dessa profissão e desse mundo. O Adriano é parte desse sistema e é só um cara que poderia ser seu vizinho”.
O espírito de justiça de Adriano nem sempre garante que tudo vá ficar bem, seja do lado de dentro ou do lado de fora da penitenciária, o que faz com que a preocupação sobre os seus seja cada vez mais latente e justificada. Ao se colocar em risco, ele leva sua família para o mesmo clima de apreensão. A filha, adolescente Lívia (Giovanna Ríspoli) e o pai Tibério (Othon Bastos), em idade bastante avançada, não aliviam para o lado dele. Tão pouco a mulher Janaína (Mariana Nunes), que se vê diante de um marido apático e cansado de tudo.

Enquanto as sirenes continuam soando, as ameaças de morte já viraram rotina e os gritos por liberdade não param – sejam os que vêm de dentro das celas ou aqueles que ecoam na cabeça de Adriano. Num piscar de olhos, já é a hora da tranca, mais uma vez.
Para quem não viu na Internet, vale a pena conferir na TV aberta!

 

Quem é quem!?

Adriano (Rodrigo Lombardi) – Formado em História, tornou-se carcereiro seguindo os passos do pai. É o único da equipe que acredita sinceramente na plena reabilitação dos presos.

Tibério (Othon Bastos) – Carcereiro aposentado é um homem rigoroso e teve a rotina transformada após a morte da mulher.

Janaína (Mariana Nunes) – Professora, planeja deixar o trabalho para engravidar e se dedicar integralmente ao sonho de ser mãe.

Lívia (Giovanna Ríspoli) – Vive as agruras típicas de uma adolescente. Contra todas as probabilidades, acalenta a fantasia de um dia encontrar a mãe, que saiu de casa quando ela contava semanas de vida.

Valdir (Tony Tornado) – O mais experiente dos carcereiros, acredita que os condenados merecem a chance de reeducação e reinserção na sociedade.

Dra. Vilma (Nina de Oliveira) – Diretora do presídio, é uma administradora de grande fibra, que respeita e se faz respeitar. Anda armada quando se faz necessário e não confia nem na própria sombra.

Juscelino (Aílton Graça) – Ele é o diretor de segurança do presídio, chefe dos carcereiros de todos os pavilhões. Na hierarquia do Vila Rosário, responde diretamente à diretora, Dra. Vilma.

Vinícius (Jean Amorin) – Mais jovem da equipe, já tem um par de anos de caminhada no sistema. É um agente esperto, mas sua juventude e falta de experiência no batente transparecem quando, diante de situações tensas, age sob intenso medo ou imatura valentia.

Isaías (Lourinelson Vladmir) – É “colega de geração” de Adriano na equipe do Vila Rosário. Começaram no sistema à mesma época, há cerca de 15 anos. É um carcereiro escaldado, trabalhador diligente, mas que sofre ainda com inseguranças e hesitações diante de situações extremas. Esse medo não é injustificado.