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Exposição a testosterona em gel: bebê desenvolve alterações hormonais após contato com o pai

Caso registrado na Suécia reacende alerta sobre os riscos do uso inadequado de hormônios absorvíveis pela pele

Um caso registrado recentemente na Suécia causou grande repercussão na comunidade médica e acendeu um importante alerta para pais que fazem reposição hormonal. Uma bebê de apenas dez meses apresentou alterações na genitália após contato direto com a pele do pai, que usava testosterona em gel — um tipo de medicamento absorvido pela pele e prescrito para tratar níveis baixos do hormônio masculino.

Segundo o endocrinologista pediátrico Dr. Miguel Liberato, esse tipo de exposição acidental pode causar efeitos graves e, por vezes, irreversíveis nas crianças. “Como esse tipo de medicamento é feito para ser absorvido pela pele, é fundamental que quem faz o uso passe em regiões que não ficam expostas, que a roupa cubra”, orienta. Ele recomenda locais como a parte interna da coxa e horários estratégicos, como à noite, antes de dormir. “Outro ponto fundamental é lavar corretamente as mãos logo após a aplicação”, reforça.

De acordo com o médico, crianças expostas à testosterona tópica podem apresentar sinais como irritabilidade, surgimento precoce de pelos pubianos, odor axilar, crescimento acelerado e aumento incomum do clitóris ou do pênis. “Quem aplica o hormônio no braço, com um simples abraço, pode acabar transferindo o hormônio para a pele da criança”, explica.

Ainda segundo o Dr. Miguel, o risco não existe nos casos em que o hormônio é aplicado por injeção, mas o número de ocorrências envolvendo géis hormonais tem aumentado. “Muitas vezes os pais nem mencionam o uso do produto, o que dificulta o diagnóstico. A criança acaba passando por exames desnecessários até que se descubra a causa hormonal”, alerta.

A recomendação dos especialistas é clara: a reposição hormonal deve sempre ser acompanhada por um médico, e quem convive com bebês ou crianças pequenas precisa redobrar os cuidados. “A exposição precoce a esses hormônios pode causar não apenas mudanças físicas, mas também impactos emocionais e psicológicos significativos”, finaliza o endocrinologista.