A servidora pública municipal Priscila de Cassia Gomes Alcantara decidiu levar ao Ministério Público de Nova Odessa o pedido para que o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho, seja investigado dentro do que ficou conhecido nacionalmente como “o escândalo do MEC”, depois que os vereadores que integram a base de sustentação na Câmara rejeitaram a proposta – também feita por ela – de abertura de uma CP (Comissão Processante) dentro do Poder Legislativo para apurar os fatos noticiados pela imprensa de todo o País. No documento encaminhado à Promotoria de Justiça local, Priscila pede, contudo, que a investigação do MP envolva também o secretário de Educação, José Jorge Alves Teixeira, e o empresário José Edvaldo Brito, autor das denúncias à CGU (Controladoria-Geral da União) e, caso entenda ser o caso, ofereça uma ação civil por supostos crimes contra a Administração Pública.
O teor da representação é semelhante à protocolada (e arquivada) na Câmara de Vereadores. Segundo a servidora municipal, o “escândalo dentro do Ministério da Educação” tem sido tema de diversas reportagens que citam o suposto pedido de propina a prefeitos e empresários para a realização de eventos com técnicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) nos municípios, o chamado “Gabinete Itinerante”, como o que aconteceu em Nova Odessa, no dia 21 de agosto de 2021.
“No último domingo o caso foi destaque no programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, que exibiu entrevista com o delator do esquema, José Edvaldo Brito, amigo pessoal do Prefeito de Nova Odessa e ora, correpresentado. De acordo com a reportagem, a denúncia começou com o fatídico evento Gabinete Itinerante, realizado em agosto de 2021 em Nova Odessa e amplamente divulgado pela administração pública por meio dos canais oficiais da Prefeitura de Nova Odessa”, relata Priscila.
Ela lembra também que as investigações da Polícia Federal e da CGU apontam a cobrança de propina para organizar os encontros com o ex-ministro Milton Ribeiro, que por sua vez garantiria a liberação de recursos. O empresário José Edvaldo Brito, inclusive, disse à PF que o pastor Arilton Moura – que chegou a ser preso na semana passada – solicitou o pagamento de R$ 100 mil para que o evento em Nova Odessa acontecesse. “Edvaldo contou que teve contato com os pastores e que eles pediram que o prefeito de Nova Odessa, Cláudio José Schooder, o Leitinho, fosse até Brasília para tratar sobre a realização do evento. A reportagem do Fantástico exibiu o vídeo em que aparecem Leitinho, Brito e Ribeiro, em Brasília. O vídeo, anteriormente, havia sido postado nas redes sociais do prefeito. O ministro manda um abraço para a população de Nova Odessa e confirma a realização do evento na cidade”, traz outro trecho da representação.
“Toda a denúncia e todo o escândalo nacional envolvendo o caso de cobrança de propina no Ministério da Educação têm como pilar central o evento realizado em Nova Odessa e amplamente divulgado pelo prefeito Leitinho e pela prefeitura. Enquanto as autoridades nacionais estão preocupadas em apurar os fatos de forma ampla, entendo ser de responsabilidade do Ministério Público local a investigação do envolvimento das autoridades municipais em tamanho escândalo”, finaliza a servidora.
Senadores apresentam pedido de CPI para apurar denúncias
Senadores de oposição protocolaram na terça-feira (28) o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as denúncias de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação (MEC). Para que a comissão inicie os trabalhos, é necessário que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), faça a leitura do documento em plenário, o que pode acontecer hoje.
O regimento do Senado prevê que pedidos de abertura de CPIs precisam ser assinados por, no mínimo, 27 senadores — um terço dos 81 que compõem a Casa. Até a última atualização desta reportagem, 31 parlamentares haviam assinado o documento.A criação da CPI ganhou força na semana passada, após o ex-ministro da educação Milton Ribeiro e pastores denunciados terem sido presos pela Polícia Federal — eles já foram soltos, mas as investigações continuam.
PRÓXIMOS PASSOS. Com o pedido protocolado, cabe ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ler o requerimento em plenário (não há prazo; senadores esperam que seja ainda nesta semana). Os líderes partidários precisam, então, indicar os membros para a comissão (não há prazo) e concluída a indicação dos membros, deve ser definida a data da instalação da comissão (a reunião será presidida pelo senador mais velho entre os membros indicados).