A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na última terça-feira (13), o empresário Eduardo Bazzana, presidente do Clube Americanense de Caça, Pesca e Tiro, acusado de participar de um esquema de fornecimento de armamentos e munições ao Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país. A operação, batizada de “Contenção”, foi realizada em conjunto com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e contou com apoio de diferentes forças de segurança.
Segundo as autoridades, Bazzana utilizava sua empresa, voltada ao comércio de armas, como fachada para abastecer o crime organizado. O delegado Felipe Curi, secretário de Estado da Polícia Civil do RJ, afirmou que o empresário integrava uma quadrilha que vendia ilegalmente armamentos destinados a ações criminosas e ataques a agentes de segurança. “Era uma empresa com aparência legal, mas que, na prática, abastecia o tráfico com armas de alto poder de fogo”, declarou.
Eduardo Bazzana foi preso em sua casa, no bairro Riviera Tamborlim, na região da Praia dos Namorados, em Americana (SP). Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Ele passou por audiência de custódia na quarta-feira (15), e a Justiça optou por manter a prisão preventiva.
A defesa do empresário nega as acusações. O advogado Rogério Augusto Dini Duarte, responsável pela representação legal de Bazzana, alegou que ainda não teve acesso ao inquérito policial. No entanto, afirmou que o cliente não possui qualquer ligação com organizações criminosas. Segundo ele, um comprador do Rio de Janeiro adquiriu armas legalmente na loja de Bazzana e também frequentava o clube de tiro, mas não há evidências que liguem o empresário a atividades ilícitas.
O Clube Americanense de Caça, Pesca e Tiro, presidido por Bazzana, foi procurado para comentar o caso, mas não se manifestou até o momento.
Resultados da Operação Contenção
Além da prisão de Bazzana, a operação resultou na detenção de outras nove pessoas, entre elas um armeiro ligado ao tráfico e um CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) acusado de desviar armas com registro legal para uso criminoso. No total, foram apreendidas 240 armas, sendo 60 de uso restrito, mais de 43 mil munições, US$ 24 mil em espécie e R$ 40 milhões em bens foram bloqueados.
A investigação revelou que o grupo criminoso movimentava até R$ 5 milhões por mês em um esquema interestadual, com atuação em São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e outras regiões. A operação também desvendou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e apontou para a expansão do Comando Vermelho fora do estado do Rio.
A ofensiva teve o apoio de diversas instituições, incluindo a Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Exército Brasileiro e órgãos internacionais. O objetivo principal foi enfraquecer as estruturas logística, financeira e operacional da facção criminosa, com foco especial na Zona Oeste do Rio de Janeiro.