O dia internacional em memória às vítimas do Holocausto é celebrado anualmente em 27 de janeiro, dia escolhido por ser a data de libertação do campo de Auschwitz, na Polônia, em 1945. E, por isso, ontem, pessoas de todo o mundo aproveitaram a data para falar deste momento da história que nunca poderá ser apagado. Papa Francisco pediu através de uma mensagem dele nas redes sociais que Holocausto “não seja esquecido e nem negado”. Já no Rio de Janeiro houve uma cerimônia em um museu recém-inaugurado, no topo do Morro do Pasmado, em Botafogo, na Zona Sul, onde seis velas foram acesas em homenagem aos seis milhões de vítimas. Alberto Klein, presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro e da Associação Cultural Memorial do Holocausto, falou da importância de se destacar esse evento na história para que este e outros crimes de preconceito não se repitam. E destacou ainda o trabalho da associação em mostrar o que o preconceito e a intolerância podem ocasionar na sociedade. A Alemanha, naquela época, já era um país democrático mas mesmo assim ainda foi palco do Holocausto. É importante lembrar que não apenas judeus mas também ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais, e até opositores políticos, todos foram vitimados por esse massacre brutal de nossa história.
E no Estado do Paraná, uma ação em parceria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) com a Capuccino Digital, o Museu do Holocausto de Curitiba e a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), foi lançada ontem e nomeada de “Viver para contar. Contar para viver”. A ação tem como base pilares de preservação da memória da holocausto e aliadas à informação atual, onde levatamentos da UNESCO mostram que no Brasil, só no ano de 2022, crimes de ódio pela internet cresceram 67 por cento e houve um aumento de 141 por cento nos registros oficiais de intolerância religiosa. A Polícia Federal do Estado do Paraná destaca o crescimento do número de registros de apoio ideolôgico ao nazismo desde 2018. Tanto na postagem do Papa Francisco nas redes sociais dele, quanto na inauguração do museu no Rio de Janeiro, ou no lançamento da ação no Paraná, todos somam esforços de escancarar nossa cutlura atual repleta de pensamentos de ódio, de preconceito e de intolerância. Esta matéria também teve o objetivo de lembrar que todos nós podemos ser agentes de transformação e podemos combater diálogos, conversas, piadas e manifestação locais que possam propagar qualquer ideia relacionada ao ódio, preconceito e intolerância.
Para relembrar sobre o Holocausto
O Holocausto, também conhecido como Shoá, que vem do hebraico “a catástrofe” ou “destruição”, foi o genocídio em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX. Consistia num programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado Nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista, em territórios ocupados pelos alemães durante a guerra. Dos nove milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos, mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus morreram durante o período.
A cidade de Amsterdã abriga casa emblemática que ainda conta a história
Descrita como um lugar especial, mas em sua essência um espaço simplesmente “vazio”, a “casa de Anne Frank” é símbolo dos milhões de vítimas da perseguição aos judeus. Aproximadamente 90% dos 1,3 milhão de visitantes por ano vêm do exterior e mais da metade dos visitantes tem menos de 30 anos. A casa exerce um papel fundamental na propagação deste massacre, geração após geração, ainda vivo na memória de seus visitantes.
Annelies Marie Frank foi uma adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto e tornou-se uma das figuras mais discutidas da história, após a divulgação póstuma do Diário de Anne Frank (1947). No diário a garota documentou suas experiências, enquanto vivia escondida em cômodos ocultos de uma empresa, durante a ocupação alemã na Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então, passou a ser referida como um “símbolo da luta contra o preconceito” e teve sua história servindo como base para diversas peças de teatro e filmes ao longo dos anos. Em 1999, foi contemplada como uma das pessoas mais importantes do século XX, numa lista organizada pela revista Time.
E por isso, o espaço é um dos museus mais populares e importantes de Amsterdã, localizado no canal Prinsengracht, no centro da cidade. O jornalista Ricardo Bento, da nossa região mas hoje radicado na Itália, visitou a casa e escreveu em suas redes sociais: “…O que aconteceu não pode ser desfeito, mas você pode impedir que aconteça novamente..”. Assim como Bento, eu dedico esta matéria às famílias das vítimas do holocausto, também na intenção de propagar em Nova Odessa uma cultura de tolerância, respeito ao próximo, amor e paz. Eu estive em Amsterdã em agosto de 2022 e tive a chance de compreender a dimensão do fato e ver o quanto este ponto turístico consegue atrair milhares e milhares de visitantes, em filas intermináveis e agendamentos impressionantes para receber novos visitantes, todos os dias.
O jornalista Ricardo Bento em frente à fachada da casa, que atrai milhões de turistas anualmente.
Emoção de chegar até este ponto turístico, que hoje é símbolo de resistência, de luta e de promoção da paz.
Star+ é a plataforma de streaming com nossa dica cultural sobre o holocausto
Jojo Rabbit é um filme dirigido por Taika Waititi com Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie. Retrata a Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, onde Jojo (Roman Griffin Davis) é um jovem nazista de 10 anos, que trata Adolf Hitler (Taika Waititi) como um amigo próximo, em sua imaginação. Seu maior sonho é participar da Juventude Hitlerista, um grupo pró-nazista composto por outras pessoas que concordam com os seus ideais. Um dia, Jojo descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma judia (Thomasin McKenzie) no sótão de casa. Depois de várias tentativas frustradas para expulsá-la, o jovem rebelde começa a desenvolver empatia pela nova hóspede. O filme mostra que sim é possível se ter outra visão em cima de um tema tão triste e tão sério. Esta na lista dos meus filmes favoritos, marcantes e necessários para a compreensão de um mundo tão complexo.