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Dia da eleição vai completar um ano e dez meses de impunidade na execução de Russo

Domingo, que deveria ser um marco somente da democracia, se torna também o ‘aniversário’ do crime mais chocante da história de Nova Odessa; braço direito de Leitinho foi assassinado e não há investigação

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Paulo Medina
redacao@jno.com.br

Neste domingo (6), dia das eleições municipais, o assassinato brutal de Marco Antonio Barion, o Russo, ex-secretário de Governo do prefeito Claudio Schooder, o Leitinho (PSD), completa dois anos e dez meses de impunidade. A execução do ex-secretário de Governo de Nova Odessa, ocorrida em 6 de dezembro de 2021, com 13 tiros disparados à queima-roupa, permanece sem respostas.
Na manhã de 6 de dezembro, Russo, então braço direito de Leitinho, foi alvo de uma emboscada enquanto saía de sua casa, no Jardim Marajoara, em direção à Prefeitura. Dois homens o aguardavam dentro de um Uno branco estacionado nas proximidades. Assim que Russo passou pelo local, seu veículo foi interceptado. Um dos homens desceu e disparou, sem lhe dar qualquer chance de defesa. O ataque violento marcou a cidade, que ainda hoje questiona a falta de respostas das autoridades. O próprio prefeito não comenta publicamente o episódio, nem cobra soluções públicas.
A investigação, conduzida sob sigilo pela 3ª Delegacia de Homicídios da Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) de Piracicaba, chegou ao fim sem que ninguém fosse responsabilizado pelo crime. Em abril de 2022, o caso foi relatado ao Poder Judiciário, mas, em 2023, o inquérito foi arquivado a pedido do Ministério Público, que alegou falta de provas que permitissem o indiciamento de um suspeito. A decisão de arquivar o caso gerou revolta, deixando um vazio na busca por justiça, principalmente entre amigos e familiares.
Desde o assassinato, apenas um empresário de 52 anos foi detido como suspeito de envolvimento no crime. Ele foi preso em 2022, acusado de ter alertado os assassinos sobre a saída de Russo do prédio onde ambos moravam. Em sua residência, foram apreendidos R$ 40 mil em espécie e documentos que indicavam sua participação em licitações. Conversas do suspeito com terceiros sugeriam que Russo seria uma figura chave em um esquema de obras, mencionando que ele “ia dar a obra para nós”. No entanto, após 100 dias preso, o empresário foi solto por falta de provas conclusivas. A Justiça, ao transformar sua prisão temporária em preventiva, encontrou anotações suspeitas em um caderno, referindo-se a um “serviço do Uno”, marcado para um mês após o assassinato de Russo, mas isso não foi suficiente para mantê-lo encarcerado.
Mesmo com esses indícios, a investigação não conseguiu avançar e o caso foi arquivado, o que deixou familiares, amigos e a população de Nova Odessa sem respostas para o crime.
A Secretaria de Segurança Pública, quando questionada, afirma apenas que o caso foi investigado e relatado ao Judiciário, sem qualquer outra ação ou retorno da Justiça para dar sequência à investigação.
O dia das eleições municipais deste domingo, que deveria ser um marco somente da democracia, se torna também o “aniversário” do crime mais chocante da história de Nova Odessa, este sem solução.