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Crise na Merenda

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Crise na Merenda
Nova Odessa, pacata no nome, mas turbulenta na merenda. Nos bastidores das escolas municipais, uma crise bastante indigesta vem fermentando há meses. Não é a comida que está azedando (ainda), mas sim as condições de trabalho das merendeiras que alimentam diariamente milhares de crianças. Cerca de 12 delas decidiram sair da cozinha e ocupar as calçadas da Secretaria Municipal de Educação. O cardápio do protesto? Denúncias de redução salarial, fraude trabalhista e um toque amargo de assédio moral.

Tempero e desconforto
O salário, que até pouco tempo era de R$ 1.891, virou R$ 1.750 – uma economia que, convenhamos, não fecha a conta nem para o básico do mês. Para temperar ainda mais o desconforto, as merendeiras descobriram que seu cargo na carteira de trabalho foi magicamente alterado para “cozinheira escolar”. Sem aviso, sem justificativa. Um truque de bastidor que, segundo elas, tem servido de pretexto para cortes de benefícios, sobrecarga de funções e o velho golpe da equiparação que nunca chega.

Exploração?
“Estão fazendo a gente trabalhar mais e ganhando menos. Mudaram nosso cargo e cortaram nosso salário. Quem é concursada faz a mesma coisa que a gente, mas ganha mais”, resumiu uma das trabalhadoras. Porque, além de mexerem na carteira delas, mexem também com o psicológico. A ameaça silenciosa paira no ar: ou você aceita, ou pede pra sair.

Pressão
Sim, tem pressão. E daquelas bem sutis, como mensagens dizendo que “quem não aparecer pra trabalhar é porque não tem mais interesse” – tradução: abandono de emprego. Quem faltar por problema de saúde ou desespero pessoal pode ser carimbado como desertora. E nada de rescisão, nem direitos. Se quiser algo, escreva uma cartinha de demissão.

Divisão e revolta
A revolta cresce ainda mais ao se perceber que, dentro das escolas, existe uma divisão de castas: contratadas e concursadas. Ambas cortam legumes, preparam arroz, servem crianças e lavam toneladas de louça. Mas só uma dessas castas ganha o salário justo e tem a estabilidade garantida. A outra, bom… a outra é empurrada goela abaixo com promessas furadas e vencimentos encolhidos.

Crianças afetadas
É o tipo de situação que não só revolta os trabalhadores, mas começa a respingar nos pequenos que dependem da merenda como refeição principal do dia. E, claro, nos pais que confiam que seus filhos estarão bem alimentados enquanto estudam. Porque quando as cozinhas escolares viram palcos de exploração, cedo ou tarde, o gosto da injustiça vai parar no prato das crianças.

Cheiro queimado
Resta saber até quando o município vai fingir que não sente o cheiro queimado vindo da própria cozinha. Porque, se seguir assim, a crise da merenda pode deixar de ser apenas um problema trabalhista para se tornar, de fato, uma crise com crianças no meio do fogo cruzado.

Leitinho dorme?
E, convenhamos, nenhuma gestão deveria dormir tranquila sabendo que está economizando em cima do prato dos outros. Especialmente do prato das crianças. Crianças já entraram atrasadas na semana passada na creche do Jardim São Francisco. Será o que prefeito Leitinho está dormindo?