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Água: um patrimônio de Nova Odessa

Neste Dia Mundial da Água a cidade comemora as represas cheias e se torna exemplo de qualidade em abastecimento

Prefeito Bill vistoria represa Recanto e Lopes

No Dia Mundial da Água o Jornal de Nova Odessa traz uma entrevista exclusiva com o prefeito Benjamim Bill Vieira de Souza, que acabou de chegar do 8º Fórum Mundial da Água, que acontece até sexta-feira em Brasília.

Apesar de ter enfrentado um desafio em 2014, quando todo o Estado sofreu com a maior crise hídrica das últimas décadas, Bill considera que Nova Odessa avançou muito com investimento em abastecimento e tratamento de esgoto. A cidade se tornou uma referência regional com o desassoreamento de represas e a implantação do Programa Municipal de Sustentabilidade Hídrica.

Pesquisa recente divulgada pelo Indsat (Indicadores de Satisfação dos Serviços Públicos) mostra que a cidade está na 1ª colocação no ranking de abastecimento de água e em segundo lugar quando o tema é qualidade da água.

 

O senhor é presidente de uma das entidades mais respeitadas no Brasil e também no exterior quando o debate envolve recursos hídricos. O Consórcio PCJ é um dos responsáveis pela realização do Fórum Mundial no Brasil e tem feito contribuições essenciais não só para os 72 municípios que compõem a bacia, mas para todo o país. Como é participar de um evento tão importante estando à frente de uma entidade tão conceituada?

Participar do Fórum Mundial é uma oportunidade única de conhecer o que há de mais moderno em tecnologia para melhor aproveitamento da água e ter esse evento no Brasil nos coloca no centro dos debates sobre esse tema. O Consórcio PCJ desenvolve um trabalho técnico de alta qualidade e por isso, em seus quase 30 anos de existência, conquistou respeito internacional. Estar à frente do Consórcio neste momento é uma oportunidade única de trazermos para a nossa região, para as nossas bacias, projetos e ideias que podem garantir o abastecimento para as próximas gerações.

Quando olhamos uma imagem do nosso planeta, que é azul por conta da quantidade de água nos oceanos, não nos damos conta de que apenas meio por cento dessa água é doce. Não imaginamos que mais de 1 bilhão de pessoas nesse planeta não têm acesso à água potável e que 80% de todo o esgoto produzido é jogado em rios e mares sem tratamento.

É por isso que fico feliz em ver que nossa cidade, muito pequena diante das metrópoles mundiais, se torna um grande exemplo de preservação e proteção de recursos hídricos. Aqui temos represas que captam a água da chuva para nosso abastecimento. Implantamos um programa de recuperação de nascentes e de recarga do lençol freático. Tratamos 100% do esgoto coletado na cidade, com investimento de cerca de R$ 18 milhões nos últimos anos.

Com o investimento de cerca de R$ 23 milhões só na substituição da rede de água mais antiga, conseguimos reduzir o índice de perda de água tratada de 48% para 23%. Parece um monte de números, mas pense que para que há cinco anos, para cada 100 litros de água que nós tratávamos na Coden, 48 eram perdidos na rede antes de chegar na casa das pessoas. Isso é um desperdício de água e de dinheiro, porque nós já tínhamos investido os recursos no tratamento dessa água.

Em 2012 a Coden tratava 17 milhões de litros de água por dia. A cidade tinha cerca de 53 mil habitantes. Hoje a Coden trata os 15,5 milhões de litros por dia para abastecer uma população estimada em cerca de 59 mil habitantes. Isso não significa que o consumo de cada um diminuiu. Isso é resultado do investimento na troca da rede de água, reduzindo o índice de perdas.

 

O tratamento de 100% do esgoto coletado na cidade é um diferencial, mas o senhor acha que as pessoas têm consciência da importância disso?

Eu acredito que sim. Todos nós sofremos muito em 2014 com a falta de água. Sentimos na pele o que é chegar em casa do trabalho e não ter água na torneira para fazer comida ou para tomar banho. Foram meses difíceis, mas que nos fizeram entender que a água é um recurso finito e que precisa ser usado com consciência e cuidado.

Quando eu digo que Nova Odessa não polui mais o Ribeirão Quilombo porque ampliamos de 7% para 100% o índice de esgoto tratado, estou dizendo que, se todas as cidades fizerem a lição de casa, o Ribeirão Quilombo pode ser mais um manancial de abastecimento. É possível a longo prazo. Ampliando essa análise, veremos que podemos fazer o mesmo por rios como o Jaguari, Atibaia, Piracicaba, Tietê. Nós, seres humanos, causamos um dano ambiental a todos esses corpos d´água. Hoje, nós estamos vendo que é possível reverter esse dano com o uso de tecnologia e muita vontade política.

 Quando falamos que a água que sai quase limpa da Estação de Tratamento de Esgoto pode ser reutilizada por empresas, por exemplo, estamos dizendo que essas empresas deixarão de consumir água das represas ou de tirar água do lençol freático através de poços. Isso é preservação de água para garantir o desenvolvimento econômico e o abastecimento da população no futuro.

Eu acredito que as pessoas têm consciência de que tratar esgoto, descartar o lixo corretamente e outras ações que podem ser feitas todos os dias, são essenciais para garantir que esse meio por cento de água doce do mundo seja preservado para que nossos filhos não sofram no futuro o que nós sofremos por poucos meses em 2014.

 

O senhor é presidente do Consórcio PCJ, do Consimares (Consórcio de Resíduos Sólidos) e do Conselho de Desenvolvimento da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Está dando certo conciliar tudo isso e a Prefeitura de Nova Odessa?

Está sim. Muitos temas são comuns nos dois consórcios e no conselho. Abastecimento público e gestão de resíduos estão diretamente ligados. Veja um exemplo simples. Todo lixo jogado irregularmente nas ruas vai para onde quando chove? Para um rio. Isso causa poluição, enchente, enfim. Da mesma forma com o Conselho de Desenvolvimento que reúne todos os prefeitos. Nossos problemas são semelhantes e juntos podemos encontrar soluções. Nova Odessa só tem a ganhar com essa troca de experiências que vai me ajudar a governar nossa cidade ainda com mais eficiência e inovação.